Sem a conclusão das obras de mais de 600 ruas do Programa Ruas do Povo, criado pelo Governo do PT em 2012, o prejuízo ao tesouro estadual ultrapassa os R$ 30 milhões. Mas os maiores prejudicados são os moradores dessas vias que ficaram sem a infraestrutura necessária, e prometida. Em Rio Branco o prefeito Tião Bocalom tenta na justiça uma ordem para intervir nestas ruas, já que, oficialmente, o governo anterior não entregou os serviços e não há informações sobre valores pagos e serviços realizados.
O bairro Jorge Lavocart é um dos mais prejudicados. O contrato com a empresa CIC construções e comércio chegou ao valor de R$ 8,5 milhões. Um gasto alto para 92 ruas estarem completamente destruídas.
Na Rua da Paz, por exemplo, o esgoto não fica apenas empoçado na rua, agora ele escorre também para os quintais. A água suja, com forte odor, abriu uma cratera que corta a rua, e é impossível os veículos passarem. Toda essa destruição não foi ação do tempo. A obra começou e não terminou e o que foi feito estava fora dos padrões técnicos. O governo pagou mas faltam: sarjeta, meio fio, calçada, asfalto e tubos de drenagem.
Na rua bandeirantes, depois que fizeram o asfalto cortaram rua no meio para a rede de esgoto. Não consertaram. Também não fizeram as calçadas, faltaram as tampas das bocas de lobo. Todo o dinheiro gasto foi perdido.
A prefeitura de Rio Branco apresentou uma lista de 600 ruas em que não vai recuperar. Todas fazem parte do programa ruas do povo. As obras não foram concluídas e o caso foi parar na justiça. O governo do estado ingressou ações contra as empresas contratadas através do Depasa. Acusa as empreiteiras de não executarem as obras e serviços e tem ainda a denúncia de modificação das planilhas para cobrar por obras que não foram feitas.
Quando o depasa, que hoje é Saneacre, procurou à Justiça, as obras ficaram paradas e o que estava incompleto ficou sem conserto.
Na rua Xingu, o asfalto está indo embora, apenas uma parte da calçada foi construída. Nas confluências das ruas do bairro Jorge Lavocat só existem buracos. Faltam tampas das bocas de lobo e a tubulação onde a água deveria escorrer está destruída.
O Depasa fez o levantamento das obras inacabadas para poder ingressar ações na Justiça, no entanto, o que chama a atenção é que os processos apenas pedem a aplicação de multas as empresas contratadas, não fala em devolução dos recursos.
No Belo Jardim ,a empresa não concluiu os serviços e ainda cobrou a mais do estado usando excesso de medição de R$ 3,3 milhões.
No bairro Montanhês, o custo foi de quase R$ 12 milhões e apenas 68% das obras foram concluídas; No bairro Vitória apenas 11% dos serviços foram realizados.
No bairro Cidade do Povo, o governo pagou R$ 2,8 milhões para a instalação da rede de água. Hoje os moradores sofrem com as ruas alagadas e algumas casas são invadidas pelo esgoto ou água da chuva.
No Conjunto Nova Esperança, o governo gastou R$ 8 milhões para pavimentação. Tem rua em que os carros nem conseguem passar e tem local onde a empresa nem o serviço começou.
As empresas dificilmente vão pagar as multas. Todas entraram com pedido de falência e algumas mudaram de nome. Atualmente os serviços precisam ser refeitos por completo. A prefeitura não quer pagar essa conta, alega que o governo do estado precisa entregar a rua ao município com a obra feita.
As empresas também entraram com ações judiciais contra o governo do estado exigindo o pagamento de obras que foram realizadas.
Nos processos as empresas apresentam medições dos serviços que foram feitos e como não receberam os pagamentos, também paralisaram as obras, e, mais uma vez, sobrou para os moradores dos bairros que hoje sofrem com falta de infraestrutura nas ruas.