No dia 8 de fevereiro deste ano, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, e os empresários Bruna Dias e Ewerson Dias (pai e filha) assinavam o contrato com a empresa Ricco Transportes e Turismo Eireli e anunciavam a “redenção” do caótico transporte coletivo na capital.
Em jogo, R$ 8 milhões (dinheiro do contribuinte acreano) na conta da empresa que, dias após, se tornaria, juntamente com o prefeito e o superintendente da RBtrans, alvo de investigações gravíssimas em andamento pelo Ministério Público do estado.
O órgão ministerial concluiu não haver lisura e transparência no repasse dos recursos, impondo ao prefeito o risco de uma condenação por improbidade.
A empresa, acuada e intimada a se explicar, alegou prejuízo de R$ 40 mil ao dia e todo aquele sentimento de amor ao Acre, afagos e abraços na hora de assinar o contrato se converteram em distanciamento e uma relação de inconveniência intrigante entre seu staff e a Casa Civil da Prefeitura.
Oito meses depois, a frota de veículos prometida como “100% dotada de acessibilidade aos cadeirantes e cinquenta dela com ar-condicionado para atender 31 linhas” vai fazer o caminho de volta, no trecho Acre-São Paulo-Rio de janeiro, sacramentando o grande fracasso daquela que foi a principal bandeira de campanha em 2019.
Bocalom pediu a Deus e ao povo por uma chance de governar. Foi atendido. Agora, apega-se aos Santos para não macular a arranhada gestão e comprometer seus planos de reeleição.
Pois bem.
A prefeitura anuncia outra licitação para contratar nova empresa para operar o transporte coletivo da capital. Vai gastar mais dinheiro com um grupo especializado, de Brasília, para organizar a concorrência pública, com previsão de ser lançada em 15 dias.
Nada garante que o novo planejamento não repetirá o fiasco de agora.
É certo que há dias de completar dois anos de gestão o prefeito ainda não deu respostas para solucionar uma das principais promessas de campanha e o caos no transporte público parece irremediável.
A investigação, diz a promotora Laura Cristina Miranda, se baseia no Relatório de Análise Técnica n. 101/2022, elaborado pelo Laboratório de Tecnologia Contra a Lavagem de Dinheiro – LAB-LD, do órgão, apontando violação aos ordenamentos da Lei de Concessões n. 8.987/95 e aos princípios da competitividade, impessoalidade e igualdade na escolha da empresa Ricco.
Espera-se, ainda, que a RBTrans explique o que fizeram de melhorias com milhões injetados na conta da empresa Ricco. Paradas de ônibus da cidade estão em sua maioria destruídas, as vans que fazem transporte de portadores de necessidades especiais quase não rodam e as reclamações se avolumam por milhares de usuários insatisfeitos.
Bocalom pode não ser corrupto, mas se deixa corromper por assessores incapazes.
Fato !