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Censura, desprezo e mentiras: Zequinha Lima é criticado por movimento comunitário e líderes de 23 bairros terão candidato em 2024

O prefeito Zequinha Lima (PP) enfrenta uma rejeição histórica do movimento civil em Cruzeiro do Sul.

“Há uma insatisfação generalizada dos líderes comunitários. O prefeito assumiu trabalhar em parceria, quando estava em campanha, mas acabou se distanciando da pauta de interesse direto das comunidades. Sinceramente, eu daria uma nota 4 para a atenção dada às necessidades mais essenciais da população cruzeirense, especialmente as famílias mais carentes”, disse Gilvane Santos, assistente social, técnico em enfermagem e presidente da União Municipal das Associações de Moradores (Umam). A entidade representa 23 bairros e planeja lançar um candidato de sua base para disputar as eleições municipais de 2024.

No campo de infraestrutura, diz ele, o município não dá atenção às periferias e executa pequenas obras somente nos acessos mais centrais da cidade. “O povo anda na rua por falta de calçada. A acessibilidade é lei e nós estamos cansados de fazer apelos ao prefeito”.

Em campanha, Zequinha assumiu ajudar mais de 400 famílias dessas regiões em três datas comemorativas: Dia da Criança, Dia das Mães e Natal. A promessa ficou na promessa. “No Natal passado nós nos ajudamos. Nesse Natal nós não vamos nem perder tempo em procurar o prefeito”, declarou. A UMAM precisou promover bailes para arrecadar fundos e pagar taxas do evento, égua, luz e trabalhadores. Alguns empresários fazem pequenas doações também.

“Sou amigo do prefeito desde os tempos do PCdoB, mas hoje eu represento milhares de cidadãos que cobram a gente todos os dias. Eu disse a ele que a minha missão não pode ser confundida com amizade e enquanto gestor público ele tem obrigação de honrar sua obrigação social. Muitos secretários ficaram com raiva, mas a verdade precisa ser dita. Nas nossas reuniões, o sentimento é de desmotivação. Fomos usados, é isso que podemos constatar”, protesta.

As próximas assembléias deverão iniciar diálogos para definir um representante que disputará as eleições para prefeito da cidade. “Não vão mais usar a gente. Não vão mais subir nas nossas costas para ganhar eleição e depois nos abandonar. Vamos nos fortalecer cada vez mais, por respeito, transparência e uma política mais dignar. Os cruzeirenses merecem isso”.

Gilvane relata problemas séria na saúde do município:

“Médicos chegam às 8 e saem às 10. Não são todos, mas isso ocorre. Sei disso por que estou lá. Muitos profissionais atendem a hora que eles querem. É preciso compreender que paciente deve ser bem tratado. O agendamento para consultas e exames demoram uma eternidade e a promessa de zerar as filas não foi cumprida. Faltaram agulha e seringa no pico da pandemia. Isso é desumano. Não estou generalizando, há bons profissionais também, mas se o prefeito capacitasse essa mão-de-obra, contratasse mais gente e trabalhasse de braços dados com o movimento social, como ele prometeu, os cruzeirenses viveriam mais felizes”, afirmou.

“Nós paramos de pedir que o poder público faça a sua parte. É humilhantes esperar 3, 4 horas sentado e não ser recebido (pelo prefeito). Muitos gestores da prefeitura tratam os líderes comunitários com indiferença também, achando que estamos ali para proveito próprio. Essa mentalidade precisa mudar. Mandamos ofícios e outras reivindicações que sequer chegam na mesa do prefeito. Nós tentamos provar que somos importantes para melhorar a qualidade de vida das famílias, mas a prefeitura não vê isso como algo bom para a própria administração Zequinha Lima. O pouco que conquistamos é fruto de doações de terceiros. Tiramos do nosso próprio bolso até mesmo para ajudar associados com problemas”, relata.

Há quatro meses, a prefeitura estava inchada, com a folha de pagamento comprometida acima de 57%. O Tribunal de Contas (TCE) precisou intervir.

Há relatos de que Zequinha deu emprego a muita gente que não trabalha.

O secretário Chico Melo (Comunicação) é alvo de críticas dos líderes comunitários por negar espaço para que as necessidades da população sejam esclarecidas ao público. Denúncias anônimas indicam que o secretário “comprou” praticamente toda a mídia do Juruá e ainda faz pagamentos generosos a digitais influencers da região para projetar politicamente o prefeito.

As associações de moradores mantinham do próprio bolso um programa na Rádio Boas Novas, mas os custos para manter a programação no ar são elevados. Além disso, grupos políticos agiram sorrateiramente, alegando que o noticiário comunitário, essencial para informar a população, estaria constrangendo o prefeito.  “Isso aconteceu quando a gente mostra onde está doendo, onde o sapato aperta. Mas se Deus quiser nós vamos voltar. Nós teremos voz”, concluiu Gilvane Santos.

 

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