Lula ganha. Não só por ser o presidente, alvo do golpe que deu em nada, mas porque aproveitou a ocasião para reafirmar sua autoridade. Poderia ter bancado o apaziguador, concedendo em troca de vantagens futuras, mas não. Decretou intervenção no Distrito Federal, exigiu o desmonte imediato dos acampamentos à porta de quartéis e queixou-se da inação dos militares. A defesa da democracia uniu a maioria dos brasileiros, e ele se beneficiou disso.
Bolsonaro perde. O pior presidente da história foi o que mais enfraqueceu a democracia. Armou os brasileiros para que nunca mais “fossem escravos de ninguém”. Afrontou a Justiça, desqualificou o processo eleitoral e incentivou o golpe caso fosse derrotado. Fugiu do país a menos de 48 horas do fim do seu mandato com medo de ser preso. Isolou-se, e agora está sendo isolado por parte da direita não extremista. Corre o risco de ser declarado inelegível.
Alexandre de Moraes ganha. O ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral comanda há 3 anos um inquérito sobre o financiamento de atos hostis à democracia. Havia sinais de que o inquérito pudesse ser concluído sem nenhuma grande revelação. A fracassada tentativa de golpe veio a calhar, legitimando as decisões tomadas por ele até aqui; a mais recente afastou do cargo por 90 dias o governador do Distrito Federal.
Ibaneis Rocha perde. Advogado, uma das maiores fortunas do Distrito Federal, ele filiou-se ao MDB para brincar de ganhar eleição. Há 4 anos, lançou-se candidato ao governo do Distrito Federal, elegendo-se no segundo turno. Para se reeleger, aliou-se a Bolsonaro e venceu no primeiro turno. Pisou feio na bola quando sua polícia ignorou em dezembro os ataques bolsonaristas a prédios públicos e, anteontem, a invasão das sedes dos Poderes da República.
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