Turma do barulho: deputado Afonso Fernandes, dono de terceirizada que dá calote em trabalhadores, emplaca presidente da Cohab com “forcinha” de Alysson Bestene

O deputado Afonso Fernandes (PL) emplacou um amigo pessoal, Rafael Almeida, como presidente da Cohab-Acre. O secretário de Governo, Alysson Bestene, costurou a nomeação, que beneficia o parlamentar, dono da terceirizada Red Pontes, empresa que presta serviços de limpeza, dentre outros, em hospitais públicos, mas não paga direitos trabalhistas, nem mesmo salários em dia.

Uma reportagem-denúncia do Seringal obrigou a empresa do deputado a assumir o compromisso de pagar 4 meses atrasados de cartão alimentação, os salários de dezembro de 2022 e o FGTS dos empregados. Um servidor do hospital João Câncio denunciou, com provas (veja aqui) que tem 2 anos e 6 meses de serviços, mas a Red Pontes recolheu apenas 5 meses de contribuição patronal. O controlador geral do estado, Almir Brandão, precisou chamar a empresa, pedir explicações e extrair dela a responsabilidade de quitar as dívidas até o dia 17 deste mês.

Afonso recebe salário de R$ 36 mil como deputado, gerencia uma verba de gabinete superior a R$ 100 mil e contrato de R$ 54 milhões com a Secretaria de Saúde (Sesacre).

A Cohab, sem dinheiro sequer para comprar papel higiênico, é tutelada pela Secretaria de Fazendo, que faz o pagamento dos salários dos diretores e não possui vida funcional efetiva. É uma das chamadas massas falidas da gestão pública no Acre, com apenas três cargos de direção. O Financeiro é da lavra do próprio governador: Juílio César, o “Roxinho”, apontado como escudeiro de primeira hora da Casa Civil. A Direção Técnica é ocupada pelo arquiteto André Veras, um competente profissional filho do cerimonialista do governo, o radialista Elvis Araruna, e sobrinho do ex-governador Edmundo Pinto.

Alysson Bestene é um dos assessores graúdos que mais prejudicam a governabilidade. Defende a censura da imprensa e o fim de alguns veículos de comunicação, dando prioridade, através de sua pasta e influência, aos jornais de amigos seus – alguns deles com altos cargos em comissão e fatias generosas da verba publicitária.

O secretário opinou, há dia, sobre a ocupação de cargos no primeiro escalão, entendendo que o critério técnico não deve se sobrepor à indicação política.