Na primeira reunião da Comissão de Cultura da Câmara, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, virou alvo. Após votação para definir o presidente da comissão, o deputado Marco Feliciano (PL-SP) debochou de Margareth. “Eu quero saber o que ela é. Eu sei que é uma mulher. Eu não sei se pode ser chamada de mulher ou não”, disse ele.
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Ao ironizar Margareth, Feliciano afirmou que não sabia se a pasta era uma secretaria ou um ministério e se quem a ocupava era um ministro ou uma ministra. Coube à deputada baiana Lídice da Mata (PSB-BA) dizer quem era Margareth Menezes. “A ministra tem nome: Margareth Menezes e estou aqui para defendê-la”, insistiu Lídice, o que levou Feliciano a fazer a provocação. A partir daí, houve um bate-boca.
“Seu presidente, nós não vamos aceitar esse tipo de colocação. Nós não podemos aceitar”, prosseguiu a deputada. O presidente eleito da comissão, Marcelo Queiroz (PP-RJ), riu e pediu moderação. “Eu quero que ele garanta respeitar a ministra Margareth Menezes. Só isso que peço”, emendouLídice.
Feliciano, então, disse não conhecer Margareth, uma das principais cantoras do Brasil, e que “por respeito” perguntou como ela se identifica. Trata-se de uma ironia: em diversas publicações nas redes sociais, o pastor se diz contrário à causa trans e à ideologia de gênero, a quem ele já chamou de “maldita”.
Pouco antes, o vídeo da sessão deixou vazar o comentário de um dos deputados ao microfone fazendo referência à linguagem neutra e dizendo que Margareth seria “ministre”. Há uma semana Nikolas Ferreira (PL-MG) usou a tribuna da Câmara para fazer uma pregação contra o feminismo e disse ser a “deputada Nikole”. Parlamentares o acusaram de transfobia e pedem a cassação do seu mandato.
O episódio levou uma das duas deputadas trans que exercem mandato inédito na Câmara, Erika Hilton, a pedir ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para incluir Nikolas no inquérito das milícias digitais. A bancada do PSOL na Câmara entrou com notícia-crime no Supremo contra o deputado bolsonarista. Erika também levantou um abaixo-assinado para cassar o mandato do parlamentar.
Deputados bolsonaristas usaram a sessão da Comissão de Cultura para fazer um enfrentamento do governo. Feliciano mencionou o nome da ministra porque pretende convocá-la para dizer como serão usados os R$ 10 bilhões que o ministério terá de recurso. Outros três bolsonaristas discursaram – um deles, o ex-secretário da Cultura no governo Bolsonaro Mario Frias – contra a “hegemonia da esquerda” no setor e afirmaram que é preciso acabar com o “monopólio”.
“A gente tem que acabar com o monopólio do governo federal de que cultura é só musica funk. O incentivo é só àquilo de uma cultura que é destrutiva moral. O governo federal investe em todo tipo de cultura que destrói a moral”, disse o deputado Abilio Brunini (PL-MT). Ele ainda fez a defesa da cultura cristã e sacra. “Quanto se gasta em shows da Ludmilla, por exemplo, mas você nunca vai ver o governo federal gastando R$ 5 milhões num evento para promover músicas que adoram. Servem a Deus. A base do nosso País é a cultura cristã.”