Atender uma ocorrência em regiões inundadas exige muitas obrigações para um bombeiro militar: identificar as famílias, socorrê-las, levá-las a locais seguros, salvar o que for possível de pertences pessoais, mobília e animais de estimação. Agora imagine atender vários chamados sem se desligar de todas estas tarefas….e ainda lidar com reações violentas por parte daqueles que deveriam ser minimamente agradecidos.
Pois bem !
A missão heróica desses profissionais vem sendo desprezada por uma minoria de desabrigados e atingidos pela cheia do Rio Acre. Os agressores são, na maioria, jovens ligados a grupos criminosos. Eles se sentem incomodados – ou investigados – no momento em que são solicitados o seu CPF e nome completo. Como de costume, decidem amedrontar aqueles que estão ali para livrá-los do apuro.
O sentimento é de revolta, mas esta sensação, por razões óbvias, não é demonstrada pelos bombeiros diariamente ameaçados pelos faccionados. A Polícia Militar se viu obrigada a providenciar escolta armada para garantir a integridade física desses agentes. Uma situação não revelada em fotografias e vídeos produzidos fartamente e lançados nas redes sociais e páginas de jornais.
“Somos ameaçados. Além de sermos agentes de defesa, somos militares e sabemos como nos defender também. Se as ameaças não são ostensivas, são veladas. Não precisa ser verbalizada, mas são reais. É comum esta convivência mais hostil. A presença de militares em algumas regiões é vista como risco ao tráfico, mesmo em situação atípica como esta. Mas não podemos ficar inertes diante de crime. É nossa obrigação combatê-lo”, declarou o coronel Cláudio Falcão. Ele confirma as ameaças aos bombeiros e admite que ele próprio requer escolta armada da PM toda vez que vai distribuir donativos ou prestar auxílio humanitário em bairros infestados por facções.
“Quando acolhemos uma família, precisamos saber o mínimo sobre esta família. O CPF afasta a possibilidade de nomes em duplicidade e homônimos. Além disso, o cadastro tem objetivo social, a fim de identificar quais e quantas pessoas estão afetadas pelas águas. A coisa está tão complicada que a gente precisa pegar até nome de pai e mãe. É preciso escolta, sim. Eu levo escolta para distribuir alimentos e outras ajudas. Infelizmente é isso”, detalhou.
A reportagem recebeu telefonemas de populares residentes no Bairro da Judia. Eles pedem anonimato, mas se revelam revoltados com as ameaças contra os bombeiros.