Enchentes no Acre tem promoção pessoal e muitos figurões com e sem mandato abandonaram os desabrigados

“Dai comida a quem tem fome” e “faça o bem não importa a quem e quando” são meras palavras soltas ao vento. Não simbolizam qualquer aprendizado na formação ou engrandecimento como pessoa. É o que se constata ao ver como alguns políticos e ex-políticos tratam, no Acre, milhares de pessoas (seus eleitores) em situação de extrema dificuldades neste momento. O que esperar de vereadores que sequer visitam um posto de saúde quando pacientes sofrem sem médico, medicação?

Fagner Calegário, deputado estadual, optou por investir no visual carregado de  promoção pessoal que cobre marmitas e outros donativos que mandou para algumas famílias desabrigadas. Há, realmente, a necessidade de provar que ele é o autor da boa ação? E se não fosse uma figura pública que depende de votos e apoio para se manter no mandato? É como dar vida aos adesivos com nome do deputado, como numa mensagem subliminar: “não vim, mas lembrei de vocês”.

Não é exagero afirmar que a exploração política da miséria alheia é tão decepcionante quanto a penca de internauta que alimenta e aplaude mandatos tão oportunistas sem qualquer espírito crítico.

Talvez por não agregar qualquer valor político eleitoral a agora servidora pública federal Perpétua Almeida (PCdoB) não seja mais vista pedindo pix em favor dos desabrigados – e se arriscando em voadeiras no balancê de águas vorazes com o marido deputado. O fazia quando estava deputada. Agora, nada. Certamente, os eleitores, amigos do mandato, sentem falta do apelo da então deputada aos seus mais de 38 mil seguidores no Instagram que mobilizou tanta gente importante num passado recente.

Márcia Bittar, defensora dos pobres na campanha do ano passado, e o marido senador, onde estão?

Tião Viana, um herói anônimo, salvou tanta gente na pandemia, mas está devendo ao menos uma “palavra amiga” aos milhares de atingidos pela enchente.

O deputado federal Roberto Duarte, diferente de grande maioria, enfrentou os perigos do manancial e foi pessoalmente entregar alimentos. Sim, cabe o registro positivo. Sua rede social ( AQUI )mostra ele chegando às casas inundadas e entrando o alimento a famílias que ainda não haviam sido alcançadas pela defesa Civil.

“Nossa equipe está preparando uma sopa quentinha e deliciosa para aquecer o coração das pessoas ilhadas nos bairros. Feita com muito carinho, essa é a nossa maneira de ajudar e levar um pouco de conforto em tempos difíceis”, diz a apelativa – mas elogiável – mensagem em sua rede social mostrando o próprio parlamentar servindo em recipientes.

Cadê o engenheiro Marcus Alexandre? Não caberia a ele rever famílias que amparou quando prefeito da capital, muitas vezes com “água na canela”? Ou sua responsabilidade acabou com o mandato? E não me diga que foi por precaução, para evitar desgastes com uma suposta campanha antecipada para as eleições de 2025.

Cadê vocês Jorge Viana, Binho Marques, Flaviano Melo, Jéssica Sales e tantos outros? A paradisíaca Brasília os encantou de tal forma…..

Marina só veio por ser ministra? Ainda assim, esperava-se um gesto grandioso da ex-seringueira que também provou a tristeza de perder tudo numa alagação, Ficou devendo uma prosa, ainda que rápida, com os ex-vizinhos da Cidade Nova.

Lamentável, ainda, que outro numeroso grupo de políticos tenha se limitado a uma visita rápida a abrigos para posar em selffies bem produzidas ao lado de gente sofrida, faminta, com frio e cheia de desesperança. É de se esperar mais de parlamentares ricos e muito bem acomodados numa vida de luxo e poder.

A nota positiva vai para inúmeros anônimos, pessoas do povo, que despejam dedicação e reúnem amigos em socorro dos mais necessitados. Provam que não precisam ter poder nem dinheiro, mas boa vontade em ajudar o próximo.