“Cadê o dinheiro dos ramais? MP apura serragem clandestina de madeira e desvio milionário na Prefeitura de Rio Branco

O Sindicato dos Extrativistas do Acre pediu investigação do Ministério Público para identificar o destino de cerca de R$ 20 milhões em recursos próprios reservados pela Prefeitura de Rio Branco para a conservação e abertura de ramais e pontes. “A zona rural está interditada”, descreve a denúncia, referindo-se ao abandono generalizado dos acesso que, segundo o prefeito da capital, seriam recuperados para dar condições aos produtos que chegam aos mercados da cidade. (Ouça abaixo)

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Os 20 milhões questionados na denúncia seriam a “sobra” do que deveria ter sido gasto na gestão Bocalom para o aporte de investimentos, incluindo a verba pública deixada em caixa pela ex-prefeita Socorro Neri.

Até a serragem de castanheira, proibido por lei, consta na denúncia. O crime ambiental é inafiançável. Outras espécies são cortadas sem licenciamento. Uma lei municipal diz que toda madeira utilizada pelo poder público precisa ter sua origem comprovada. A secretaria de Infraestrutura de Rio Branco é quem faz os pagamentos pela madeira clandestina, segundo uma planilha de custos, documento oficial, em poder do MP.

A planilha cita indícios de malversação de recursos públicos. Uma audiência pública, na semana passada, na Câmara de Vereadores, escancarou o que pode ser identificado como um escândalo sem precedentes na gestão Tião Bocalom.

O ex-coordenador de Ramais, Sebastião Pequeno Vídeo acima), se colocou à disposição para apresentar as devidas provas, inclusive registros fotográficos e um banco de imagens. Ele critica a falta de planejamento para atender a população rural de Rio Branco e também põe em dúvidas a transparência dos recursos.

 

O trator que tem segundo a denúncia tem sido abastecido regularmente, mas está quebrado no pátio da Emurb.

Um trator estacionado no pátio da Empresa Municipal de urbanismo (Emurb) foi abastecido para trabalhar na abertura e manutenção de ramais, em Rio Branco. Porém, a máquina deveria estar em trechos de obras na zona rural, mais precisamente nos acessos que compõem o cinturão verde. Uma pá mecânica consta no documento como abastecida todos os dias. O maquinário foi comprado para servir as equipes de ramais, mas está à serviço da usina de asfalto da Emurb.

Outras máquinas, paradas, “consomem óleo”, ou seja, são abastecidas, como se estivessem no trecho. Caçambeiros contratados no ano passado ficaram parados também, mas teriam recebido, em períodos que geraram prejuízo de R$ 14 mil por contrato.

O sindicato denuncia, ainda, o desprezo aos produtores de madeira das regiões, com os quais a prefeitura havia negociado  a compra de matéria prima para a construção de pontes.

“Eu pedi uma foto, que mostre um ramal aberto pela prefeitura. Não tem. Não tem”, diz o presidente do Sindicato (Sinpasa). Eles dizem que construíram 40 pontes. Meu amigo, é ponte caindo para todo lado. É uma bagaceira só. Visitei regiões que tem madeira serrada, prontas, mas as pontes estão podres, nem assoalho tem mais, só aquele pranchão no meio. Um perigo”, relata Josimar Ferreira.

“O Bocalom não honrou seu compromisso com 90% dos trabalhadores rurais que votam nele. Não produziu nem empregou ninguém”, acusou.

 

 

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