Lambança: Deracre nomeia em março com “efeito retroativo a maio” ex-vereador de Rio Branco preso pela PF

Quando a ministra do STJ Fátima Nancy Andrighi afastou o presidente do Deracre de suas funções, na terceira fase da Operação Ptolomeu, esperava-se que o sucessor de Petrônio Antunes assumisse o cargo com o mínimo de responsabilidade administrativa.

Esperava-se.

Não deveria ser fácil herdar o posto eivado de indícios de uma relação promíscua com empresas privadas, sucumbida em denúncias de propina de parte a parte, relatados pela Polícia Federal. Foi esse dossiê, apinhado de áudios e provas apreendidas que robusteceram a decisão da ministra, trazendo constrangimento ao governador e imputando um desgaste terrível à imagem de Gladson Cameli, cuja culpa não restou comprovada – razão pela qual Nancy negou-se a afastá-lo.

Mas os erros no andar de baixo do governo se sucedem, trazendo perigo constante à governabilidade.

Até quando?

O novo gestor da pasta, Sócrates Guimarães, parece não ter tido o devido zelo na sua missão de botar nos eixos uma das instituições mais ricas e fundamentais para o progresso do estado.

Decidiu, então, por uma nova – e grave – barbeiragem: nomeou para cargo de 3 mil reais o ex-vereador de Rio Branco, Anderson Sandro Pessoa, um dos gestores da Santa Casa.

Explica-se a lambança:

A portaria  assinada por Sócrates foi publicado em 7 de março de 2023.

A nomeação, pasmem, é retroativa a 3 de maio.

Como é possível retroagir dois meses seguintes?

O mais intrigante é:

O servidor havia sido preso em 17 de abril, portanto duas semanas antes da data da apresentação no serviço público.

Ironicamente, o topo da portaria trás a inscrição “publicado por incorreção (sic)”.

Sandro, filho do provedor José Alex, se envolveu na falsificação de documento público e acabou alvo de denúncia que obrigaram a PF a levá-lo para prestar esclarecimentos na unidade policial de Brasiléia. O delegado do caso deu-lhe a ordem de prisão, relaxada somente no dia seguinte (veja reportagem completa no link abaixo).

A reportagem foi informada por uma fonte do Deracre que não se sabe com exatidão o que pode ter havido, e sugeriu “erro de digitação”. A administração do Departamento de Estradas e Rodagens se comprometeu em “verificar a situação nesta sexta-feira”.