Abaixo, os tópicos mais impactantes de uma entrevista exclusiva com a vice-prefeita de Rio Branco, Marfisa Galvão. Ela quebra o silêncio sobre sua insustentável relação com o Tião Bocalom, que desrespeita a sua autoridade e permite uma perseguição implacável pelos assessores contra ela e seu grupo dentro da prefeitura. Marfisa fala sobre o perfil conciliador de Bocalom na época da campanha e a decepcionante figura em que se transformou após ser eleito prefeito da capital. Leia:
” O Bocalom da campanha era amigo, amoroso, respeitava as mulheres, ouvia, era a favor do povo e não perseguia. Lembro que ele me disse: filha, cuidado com os nossos funcionários, cuide deles, não quero ser o prefeito que persegue trabalhador. Fiquei feliz em ouvir isso. Também me agradou muito aquela imagem de paz que ele passava, o marido que ficou ao lado da esposa até o ultimo instante, o pai fraternal, religioso, conservador. Era esta a imagem que ele passou. Uma raridade na política local. Achei que ele ia ser o mito da nossa política. Me decepcionei amargamente quando percebi que ele começou a mandar os outros falar o que ele não tinha coragem de dizer. Se dizia contra o PT, disse que não queria ninguém do PT no governo dele, mas nomeou o Helder Paiva, que sempre foi quem nós sabemos que foi. Eu dizia que o bom exemplo tinha que partir de dentro da prefeitura quando o alertei sobre o risco de ter ao nosso lado um homem com histórico de importunação sexual. Mas não fui ouvida e agora a bomba estourou. O Bocalom esqueceu os seus próprios princípios. Não sei se o poder corrompeu ele. Não sei, mas a minha decepção é imensa. Não aguento mais olhar pra cara desse homem. Eu sinceramente estou cansada”.
Exonerações
“Ainda tenho esperança de que saia no DOE amanhã ou quarta. Eu assinei a exoneração do Valtin (Casa Civil) e Anderson Nascimento (Fundação Garibaldi Brasil). E vou explicar os motivos: eu tinha um acordo com o Bocalom, de que ninguém seria demitido quando o prefeito estivesse fora da cidade. mas esse acordo foi desfeito quando decidiram botar na rua os coordenadores da FGB ligados a mim. O seu Valtin estava presente quando esse acordo foi costurado com o prefeito. Eu sei que cargos comissionados são de livre exoneração, mas demitir o meus amigos sem me consultar foi uma traição. Então decidi demitir o presidente da FGB. O Valtin não mandou pro Diário Oficial e eu exonerei ele também. Foi uma decisão técnica, por descumprimento de ordem superior. Ainda tenho esperança de que esses decretos sejam publicados no diário oficial de amanhã (terça) ou quarta. Senão, terei que pedir a abertura de um processo no Ministério Público. Tenho fotos dos decretos e o número deles no Diário Oficial. Eu já esperava que iam fazer isso, e que o prefeito ia tornar minhas decisões sem efeito. Até entendo que sejam amigos, mas o Valtim vem me tratando de uma forma bem escrota desde o inicio da gestão. Sempre dificultou minha atuação como secretária de Assistência Social e não despachava nada comigo. Não questionei por que sei o meu lugar como vice. Mas na condição de prefeita exijo ser respeitada”.
Desabafo
“Todos ligados a mim foram demitidos. Até os terceirizados foram desligados. Tem gente com 12 anos de gestão sendo perseguido. Tenho vontade de pedir desculpas ao povo de Rio Branco, de joelhos no chão. Me aliar ao Bocalom foi a maior arrependimento da vida. Se for uma unanimidade das pessoas, eu vou sair. O que me faz continuar é o meu compromisso com as pessoas.”
Com Gladson
“Tive conversas com o governador. Ele disse que gostaria muito que eu fosse para o Estado. Eu disse a ele que preciso terminar minha missão. Depois disso, se ele ainda tiver interesse, eu estarei à disposição. Ele entendeu mas disse que ia insistir em me ter no estado. As pessoas me pedem pra mandar o Bocalom pra casa do chapéu”.