Quem vê os cidadãos passar pelas ruas esburacadas, cabisbaixos, nem imagina o que pensam. Uma conversa rápida com estas famílias é o bastante para sentir a tensão emocional e o quão estão irritados com o que chama de “calote moral”. Bocalom, o prefeito de Rio Branco, é chamado de mentiroso, sem que os moradores da parte alta da capital façam qualquer cerimônia. Só medem as palavras por uma questão de educação. De resto, se pudessem, diriam poucas e boas ao gestor da cidade. “Mentiu pra nós na campanha. Não entendo por que o prefeito era uma pessoa naquele instante, e hoje parece não se importar com os problemas”, opinou a comerciante Esmeralda Carneiro. “Tem rua que não passa carro. É uma escuridão das trevas. Tá difícil. Eu tô cansada de botar a boca no trombone”, completa a costureira Mirtes Carneiro Sampaio, mãe de dois alunos ao buscá-los na escola.
Tancredo Neves e Alto Alegre foram visitados pela reportagem na manhã desta quarta-feira. O registro do caos está a cada palmo, enquanto o entorno do prefeito faz circular nas redes sociais uma falsa verdade de que “a cidade está sendo bem cuidada”.
A dona de casa Jocineide Souza revela a reação do prefeito quando foi cobrar uma visita dele à sua rua (veja acima). E mostra a obra feita pelos moradores para garantir o mínimo de condições para os veículos
Seu Sebastião Silva, pedreiro, que se apresenta como “amigo de longas datas” do prefeito., diz:
“O conheço desde Acrelândia, mas aqui, sinceramente, não posso concordar com o que tá acontecendo”.
Sem gravar, ele afirma: “não fez nada até agora, quem garante que vai fazer se ganhar de novo?”.
Gravando, seu Sebastião admite decepção com o prefeito, mas não quis esticar a conversa.
Nota da redação
Em nenhum instante a Prefeitura de Rio Branco, por meio da Secretaria de Comunicação, emitiu uma nota pública sequer sobre a ausência de obras de infraestrutura nos bairros. Desde janeiro de 2021, quando assumiu, o prefeito Tião Bocalom sustenta a desculpa nada convincente de que o Programa Ruas do Povo estaria judicializado e, por isso, ele poderia sofrer retaliação judiciais se botasse as máquinas nos bairros. O argumento é falho e expõe o desinteresse da gestão, que, se quisesse, a bem da qualidade de vida dos cidadãos, mobilizaria seu bem pago staff jurídico. Não ´fez e apanha muito, sendo acusado de inoperância administrativa. Bocalom atiça seu entorno político para tirar o foco de sua incompetência. A reeleição lhe parece estar acima dos interesse do povo.