O Parlamento Municipal em Rio Branco, ao completar 60 anos, chega, muito provavelmente, ao seu momento mais importante também.
Além de respeitar a secular repartição dos poderes, a direção da Casa mostra maturidade e bons relacionamentos, destoando com o desgaste dos demais políticos frente à opinião pública.
Nessa cruzada está o presidente Raimundo Nonato Ferreira da Silva, o Raimundo Neném (PSB), de 44 anos.
Ele entrou para a vida pública como assessor parlamentar, fazendo articulações e mobilizando o movimento social. Foi candidato pela primeira vez em 2012, quando ficou na segunda suplência. No pleito seguinte (2014), foi candidato a deputado estadual e novamente ficou na mesma colocação.
“Em 2016, fui o décimo terceiro vereador mais votado na capital”, lembrou o parlamentar. Na reeleição, em 2020, subiu para a sexta posição.
Toda essa experiência e habilidade política foi testada quando ele derrotou, na eleição para a Mesa Diretora, a chapa articulada pelo prefeito Tião Bocalom.
O Seringal – Praticamente todas as reivindicações e mazelas da sociedade vêm parar na Câmara de Vereadores. Ao comemorar Os 60 anos, comemora-se também foi um dos melhores momentos do Poder. Como o senhor avalia isso?
Raimundo Neném – Eu me sinto honrado e orgulhoso de fazer parte dessa história. A gente, graças a Deus, está superando as dificuldades do dia a dia. Apesar do pouco tempo no cargo, está sendo gratificante. Juntamente com os meus colegas, estamos unindo forças para dar o melhor de nós para transformar Rio Branco num lugar melhor para se viver. O cargo de presidente requer articulação política, que deve ser orientada pelo diálogo, pelo respeito e pela transparência.
O Seringal – Explique o que aconteceu nestes últimos dias, a respeito do empréstimo solicitado pelo prefeito, rejeitado por unanimidade?
Raimundo Neném – Os últimos dias foram conturbados. Segundo a nossa Procuradoria Jurídica, o projeto do prefeito não tem os requisitos necessários para a aprovação. Esse foi o motivo da rejeição.
O Seringal – O senhor sempre diz que o parlamento, se depender do senhor, não será obstáculo para a prefeitura fazer investimentos. Comente sobre isso.
Raimundo Neném – Estamos aqui para ajudar a cidade de Rio Branco. No entanto, além da legalidade e economicidade, precisamos ter clareza e sabedoria para aprovar as propostas que chegam ao parlamento. Ainda temos mais de um ano para ajudar a atual gestão.
O Seringal – O líder do prefeito, João Marcos Luz, disse que a Câmara de Vereadores é um balcão de negócios. O que o senhor tem a dizer sobre essa afirmação?
Raimundo Neném – Eu contesto veementemente. Isso não existe. O nosso parlamento precisa ser respeitado. Eu não posso me calar diante dessa leviandade, que tem como propósito jogar os vereadores contra a população.
O Seringal – O senhor foi contra o aumento do salário de vocês. Agora não deixou o parlamento ser um “puxadinho” da prefeitura. Por que o senhor teve esses posicionamentos?
Raimundo Neném – O próprio prefeito, no dia da sua posse, deixou bem claro que éramos parceiros, mas tínhamos missões diferentes. E estamos fazendo um trabalho independente, ou seja, analisando os projetos e votando com as nossas consciências. O que for legal e de interesse da população, pode ter certeza, nós apoiaremos.
O Seringal – O prefeito diz ter dinheiro em caixa. Então por que esse empréstimo em regime de urgência?
Raimundo Neném – Pois é… Durante os últimos meses, ele falou que tem recursos em caixa e, quem tem isso, não precisa pegar dinheiro a juros. Tem algo errado aí. Precisamos analisar isso com cuidado, mesmo porque ainda resta um ano e dois meses para o fim do mandato dele.
O Seringal – Rio Branco é uma cidade complexa e com muitos problemas. O prefeito não democratiza as soluções e centraliza as decisões. Aconselhe-o
Raimundo Neném – Isso é algo preocupante porque centralizar tantas ações numa pessoa só torna a gestão pública inexequível. Rio Branco é uma cidade com muitas demandas, o que requer habilidade política e sabedoria. É preciso delegar funções e compartilhar os méritos, caso sejam bem-sucedidas, obviamente.