Gosto de pensar que a escola é um berçário. Ali nascem pessoas. Até chegar a uma sala de aula, somos projetos cheios de futuro pela frente. Em casa, somos gestados e protegidos. Na escola, nos tornamos seres sociais, interagimos, compartilhamos, aprendemos, crescemos e nutrimos o humano que habita em nós. Por isso, não há, a meu ver, fora o núcleo familiar, alguém tão importante em nossa vida quanto os professores, em especial na primeira infância.
Hoje é Dia do Professor e da Professora. Deveria ser a data mais importante do Brasil. A eles, devemos coisas diversas, a depender da experiência de cada um. O gosto pelos livros; a coragem de ser diferente e ousado; a aceitação do contraditório; a descoberta da profissão, tantas coisas mais… O mais lindo, no entanto, é ver a devoção dos professores pelo ofício. É de fato uma profissão de fé.
Fico pensando como deve ser difícil ensinar o que está além dos livros no mundo de hoje. Explicar às crianças o abismo de diferença entre o real e o virtual, as razões da intolerância em ambientes tão polarizados, a indiferença de tantos diante do outro, a necessidade de uma existência coletiva e cidadã
numa realidade que prima pelo individualismo. Trata-se de uma missão de grandes proporções.
Contamos hoje, na editoria de Cidades, as histórias de professoras incríveis. Sobre como Luciany Borges enveredou pela arte e fez dela combustível para sua verdadeira vocação: ensinar crianças com altas habilidade e/ou com necessidades especiais. A arte e a cultura também fazem parte do repertório de Mariany Matos dos Santos. “O professor é um ser que traz a transformação e a qualidade de vida para a
criança. E isso vai desde a educação infantil até o PhD”, diz.
O detalhe importante é que os professores, apesar de tão maltratados e pouco valorizados no Brasil, não se arrependem nem desistem da profissão que escolheram: 83% não escolheriam outro ofício e 91% se sentem mais gratificados quando os alunos aprendem.