Na consulta pública realizada pela Anvisa sobre os cigarros eletrônicos (também chamados de vapes), a maioria dos profissionais de saúde disse ser contra a sua liberação no Brasil.
A consulta é parte do processo de revisão da norma vigente que, desde 2009, proíbe os dispositivos, apesar de serem bastante comuns no país. Iniciada em dezembro, essa etapa terminou em fevereiro, e os dados foram divulgados na última semana.
A revisão está em andamento desde 2022 e ainda não tem prazo para ser concluída. Embora não fosse obrigatório, a agência resolveu rever os impactos da regra para considerar estudos mais recentes sobre os cigarros eletrônicos.
➡️ No total, foram 13,9 mil participações na consulta pública, entre pessoas, empresas e entidades. A participação não impedia mais de uma contribuição pelo mesmo usuário. Os principais destaques foram:
- 8.197 (quase 59%) disseram ser a favor de mudar a regra atual, incluindo a liberação geral.
- 5.215 (37%) disseram concordar com a norma vigente, que proíbe os vapes.
- Outros 516 participantes não responderam às perguntas.
- Dos 13,9 mil participantes, 1.158 eram profissionais de saúde, sendo que 745 (cerca de 65%) foram a favor de manter a proibição e 413, contra.
- A consulta ainda questionou se os impactos com a regra atual eram positivo, negativos ou os dois. Ao todo, 57% avaliaram que a regra vigente no Brasil tem apenas impactos negativos.
❗A discussão acontece em meio à pressão da indústria do tabagismo a favor da liberação. Enquanto a consulta estava aberta, o setor iniciou a campanha, com posts pagos em redes sociais, “Eu quero escolher”, que estimulava a participação na consulta afirmando que o cigarro eletrônico era uma “alternativa potencialmente menos tóxica que o cigarro”.
🚬 O argumento principal dos defensores é que, ao contrário do cigarro comum, que contém tabaco e libera monóxido de carbono (que é cancerígeno), o vape é por vaporização e, por isso, menos prejudicial.
🚬 Só que a realidade é diferente, de acordo com especialistas. O cigarro eletrônico tem mais de duas mil substâncias, várias delas tóxicas e cancerígenas. (Leia mais abaixo o que dizem os dois lados no debate.)
Para a presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia, Margareth Dalcolmo, a expectativa é a de que a norma da Anvisa seja mantida.
Em nota, a Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo) disse que o apontamento das 8 mil pessoas que participaram da consulta pública dizendo ter outra opinião do que a proibição dos vapes demonstra “que a sociedade brasileira questiona a efetividade da norma atual”. Disse ainda que a proibição atual não funciona, tendo em vista que os produtos estão circulando.