Um dossiê obtido com exclusividade por o oseringal revela as relações suspeitas – e perigosas – entre advogados ligados a políticos locais, adversários do governador Gladson Cameli, e delegados que atuam na Operação Ptolomeu. As fontes ouvidas, entre elas operadores do Direito que por razões óbvias pedem anonimato, sugerem que a conexão entre os atores desta reportagem pode comprometer as investigações “por haver indícios de um plano com viés de vingança e com pretensão de desestabilizar o governo acreano.
Abaixo, a íntima ligação deles com o ex-deputado federal Léo de Brito e a ex-deputada Mara Rocha e ao seu irmão, o ex-vice-governador Major Rocha, e um delegado da Polícia Federal responsável por inquéritos da operação Ptolomeu.
De acordo com o dossiê recebido pela equipe de oseringal, a história envolve os advogados Kaius Marcellus e Samara Mota e os delegados Itawan Pereira e Jacob Neto.
O delegado da PF Itawan Pereira foi assessor parlamentar do ex-deputado federal Léo de Brito e atuou na Operação Ptolomeu.
Kaio Marcellus, advogado dos irmãos Rocha, é irmão do delegado federal Itawan. Ele foi coordenador jurídico da candidata Mara Rocha ao Governo do Acre, e também é sócio da advogada Samarah Mota.
Samarah Mota é esposa do delegado da polícia Federal Jacob Melo e ex-assessora parlamentar do ex-deputado federal Léo de Brito. Coincidentemente – ou não – Samarah é sócia de Kaio Marcellus.
E onde eles se conectam?
Ocorre que logo após a primeira fase da Operação Ptolomeu Samarah ingressou com Ação Popular (em nome de Léo de Brito) pedindo que o governador do Acre fosse condenado a devolver R$ 828 milhões de reais ao Estado do Acre. A petição assinada por Samarah se baseou nas informações da Ptolomeu, algumas delas já consideradas improváveis. O pedido não prosperou.
Samarah, além de ser casada com um dos delegados com atuação na operação (Jacob Neto), é sócia em escritório de advocacia com Kaius Marcellus, que por sua vez é irmão do delegado Itawan, que se envolveu em problemas em uma operação da PF no Maranhão por sua proximidade com partes do processo (print ao lado).
A imprensa maranhense citou, em 2022, o delegado Itawan como responsável por produzir “provas midiáticas” no caso que envolve dois políticos locais. As tais provas foram desconsideradas por serem insubstanciais.
Jorge Viana
Consta que Kaius teria sido o articulador de um suspeito encontro entre os irmãos Rocha e o ex-governador Jorge Viana. O assunto da reunião seria exatamente a operação da PF e seus desdobramentos. O intento de afastar o governador do cargo fracassou, mas uniu, secretamente, o petista e o ex-governador. Ambos decidiram passar uma borracha no passado (Rocha é autor da denúncia que levou Lula à prisão), em nome de um plano sórdido pelo poder no Estado do Acre.
Rocha
O ex-senador petista não aceita ter perdido o protagonismo político no Estado do Acre, e tem dito a aliados que, mesmo ocupando cargo de relevância no Governo Lula (presidente da Apex Brasil), irá reconquistar a vaga no Senado em 2026 – para tanto, assegura ele, a arma seria o episódio Ptolomeu para gerar desgaste a Gladson Cameli. Já Major Rocha, sumido do cenário político, também fracassou no denuncismo vazio após trair a confiança do governador que lhe escolheu como vice em 2018.