Tragédia no Acre: certidão de óbito não sai e família de empresário peruano carbonizado tem prejuízo milionário

Sidney Royle, empresário peruano morto em acidente aéreo em Manoel Urbana, em 18 de março deste ano

Dois milhões de quilos de mercadorias diversas, em três balsas completamente cheias, estão parados num porto de Boca do Acre (AM), gerando prejuízo milionário à família do empresário peruano Sidney Hoyle, morto em acidente aéreo em 18 de março deste ano, em Manoel Urbano.

A família se viu obrigada a constituir advogado e está pedindo uma declaração da justiça acreana por “morte presumida”, por que o Governo do Acre, através da Secretaria de Segurança Pública, ainda não emitiu a certidão de óbito, passados 4 meses desde o acidente. Os advogados sustentam que a falta do documento de óbito impediu a navegação quando os rios ainda tinham volume de água suficiente para o transporte das mercadorias.

As embarcações, que são alugadas, consomem valores altos pela locação, e custos altos com alimentação de funcionários e tripulantes. A viúva, dona Lúcia Hoyle, não tem acesso às contas bancárias do marido, e lembra, emocionada, ter sido barrada duas vezes pelo Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

A demora na emissão do documento de óbito impõe prejuízos extras à família do empresário. Isto por que a mercadoria (ferro, cimento e outros materiais de construção) já deveria ter chegado aos compradores na região peruana de Ucayali, após navegar por rios brasileiros a partir do território acreano. A empresa, autorizada a navegar por rias internacionais, para efeitos legais continua sendo gerida por Sidney Hoyle, como se o empresário estivesse vivo.

“É constrangedor ter que provar que meu marido estava dentro daquele avião, morreu carbonizado, foi velado e sepultado”, disse dona Lúcia da Silva Royle, viúva de Sidney. “Só eu sei o que estamos passando. Será que o estado não tem competência para fazer um exame desse porte? O material genético da família para ser comparado com o corpo do meu marido foi feito há dois meses”, protesta dona Lúcia.

Ela busca ajuda no consulado peruano, e recebeu cartas de pesar da Embaixada do Peru no Brasil. Porém, nem mesmo as moções de pesar emitidas por autoridades brasileiras são suficientes para ela provar que seu marido morreu.

A mulher luta contra um câncer, sofre com a burocracia e a falta de informações pelo Instituto de identificação (órgão ligado à Sejusp). Dona Lúcia conta que o corpo de Sidney  somente foi liberado pelo IML naquele momento graças a um boletim de ocorrência registrado na delegacia. O empresário foi velado e sepultado em Sena Madureira.

O diretor do Instituto de identificação, Sandro Rodrigues, não atendeu aos telefonemas da reportagem e não respondeu ás mensagens.

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