Professores em greve na Ufac não voltarão ao trabalho a partir desta quarta-feira, diferente da maioria das universidades federais. A resistência da administração superior, que insiste em descumprir acordos já sacramentados, comprometeu a volta ás aulas, avalia a Adufac (Associação dos Docentes da Ufac). A decisão foi tomada em assembléia geral, na manhã de hoje. A professora Raquel Ishi, do Comando de Greve, pontuou, a pedido de oseringal, os entraves para a questão. Veja abaixo:
1 -O Comando Nacional já orientou, determinou que o cessar da greve já seria amanhã, mas no caso da UFAC existem pendências. E reconhece que as instituições possuem pautas locais. Na verdade, o nosso Comando Nacional indica que a partir da deflagração da greve a gente possa construir essas pautas locais. Então, a partir do momento que a gente não tem resultados no âmbito da negociação com a nossa Reitoria, a gente compromete a finalização da greve e a saída unificada. Isso é um ponto. É importante dizer também que a pauta local da UFAC, construída pelos docentes, não foi construída na greve, ela foi construída nas assembleias fora de greve. Inclusive, o primeiro protocolo que nós fizemos dessa pauta foi no ano passado, faz mais de um ano que ela está protocolada na Administração Superior e desde então a gente não teve qualquer sinalização de debate.
2 – Durante a greve, essa pauta foi ampliada, principalmente com as questões do Colégio de Aplicação (den´ncias já registradas na polícia e no Ministério Público sobre assédio sexual por alguns professores contra alunas menores). A partir de então nós tentamos construir uma agenda de negociações com a Administração Superior. Essa agenda foi construída e durante três meses de negociações nós pactuamos, construímos uma redação coletiva entre o Comando Local de Greve e a Administração Superior para que a gente pudesse chegar a consensos possíveis para os problemas que nós levamos à mesa de negociação. Esse foi construído um termo de compromisso com esses pontos iniciais para que a gestão pudesse fazer a oficialização e assinatura do termo.
3 – A gestão se recusou por duas vezes fazer a assinatura desse termo do que ela própria pactuou em mesa de negociação. Os demais pontos da pauta, cerca de 30 pontos, não foram sequer debatidos porque a Administração se retirou da mesa de negociação. O que nós propusemos ontem foi a flexibilização desse debate, que a Administração concordasse com a constituição de um grupo de trabalho que se reuniria após o término da greve e debateria essas questões que não foram possíveis de serem debatidas durante o período de greve.
4 – Também recebemos a informação de que não é interessante ou não se quer discutir com os docentes, com a categoria de docentes, esses demais pontos da pauta. Portanto, há uma intransigência, há uma inflexibilidade sistemática da parte da Reitoria em debater a pauta local proposta pela Assembleia de Docentes
5 – A Administração Superior da Universidade certamente vai ficar conhecida como a administração mais antissindical que já passou pela UFAC. Além de se recusar a negociar com a categoria em greve, não assinar termos de compromisso que ela própria pactuou um mês de negociação, de reiteradamente dizer que não quer sentar e negociar em nenhum tipo de situação com a categoria em greve, desde sexta-feira passada, ela tem mobilizado os seus apoiadores, fazendo uso de expediente oficial, inclusive, acesso privilegiado aos e-mails de todos os docentes da UFAC, para chamá-los para a Assembleia, para a nossa Assembleia de Greve, que é quem, de fato, delibera sobre os rumos do movimento paredista, para que possam vir defendê-la, defendê-la em nossa Assembleia.
6 – Hoje nós temos uma Assembleia que é ordinária, nós sempre fazemos Assembleias às terças pela manhã e às quintas pela tarde, e temos esse movimento, como vocês podem ver, de vários apoiadores, chamados pela Gestão Superior, para vir por fim a greve. Uma autêntica e clara ingerência patronal. Então, esse é o tipo de situação que nós estamos vivenciando hoje, e compreendemos que essa é uma ação para silenciar todas as críticas e questionamentos que nós temos feito, em relação, por exemplo, à falta de prioridades com os gastos públicos da instituição.
7 – Nós queremos recursos para ensino, pesquisa e extensão, e não com gastos como passagem de diários e coquetéis, que não, de fato, atendem e nem melhoram a qualidade do ensino e da aprendizagem na Universidade. Isso é uma crítica, para mim, uma das mais necessidades do mundo. Em relação ao colégio de educação, existe a pauta emergencial que nós consideramos, que é a pauta do Alimento. Os alunos do ensino médio, eles ficam durante três dias na semana, de manhã e à tarde. E aí, durante esse período, eles não têm direito ao almoço e não têm direito a lanche da tarde. Portanto, eles ficam sem alimentação durante todo esse período. O relato que nós temos é que os alunos almoçam energético, para poder aguentar, ficar até o final da tarde. Além disso, a falta de segurança é muito complicada no espaço escolar. Qualquer pessoa que queira entrar no colégio de aplicação, entra sem nenhum tipo de identificação. Por fim, é uma pauta urgente para toda a instituição, não só para o colégio de aplicação, que a instituição, de fato, construa os mecanismos jurídicos internos para que as apurações de casos de denúncia de assédio sexual aconteçam de forma celere e para que nós tenhamos um protocolo específico de atendimento e acolhimento às vítimas desses fatos.