Cientista aponta “problemas” em pesquisa divulgada pelo empresário Marcello Moura, maior parceiro de Bocalom

O professor universitário e cientista político Nilson Euclides concorda que a pesquisa Big Data, divulgada nesta terça-feira pela TV Record no Acre (TV Gazeta), em Rio Branco, apresenta “problemas que devem ser esclarecidos”.

O educador comentou questões levantadas pela reportagem, tais como:

1 A pesquisa trás somente números inteiros, sem frações, como se cravasse o universo de eleitores para todas a respostas;

2  A rejeição dos candidatos não foi revelada;

3 – A divulgação, no complexo de comunicação controlado pelo empresário Marcello Moura, presidente da Associação Comercial (Acisa), não revela a intenção de votos na pesquisa espontânea.

O empresário que contratou a sondagem chegou a ser cotado para vice do prefeito que busca a reeleição, foi o principal parceiro de Bocalom nos grandes eventos festivos (Festival da Macaxeira e Carnaval) e tem repasses generosos junto à mídia institucional do município.  Além disso, Moura é controlador de uma rede de medicamentos que abastece as unidades de saúde mantidas pela prefeitura da capital.

“Eu não discuto metodologias, mas essa pesquisa da Big Data não representa a realidade do eleitorado de Rio Branco. Confio muito mais numa dianteira do Marcus Alexandre e uma aproximação do Bocalom, como temos visto noutras pesquisas. Dependendo da técnica usada, é possível distorcer números, sim. Veja bem, eu não estou afirmando ter havido fraude ou coiso do tipo. Porém, seria interessante revelar ao público qual o universo pesquisado, a metodologia adotada, as áreas da cidade que foram visitadas, etc. Trabalhando fora da margem de erro, é difícil haver uma diferença enorme de uma pesquisa para outra. Pesquisa é pesquisa. Cada um faz a sua. Mas, convenhamos, não é a primeira vez que a Big Data dá números complicados. Talvez tenham adotado técnicas que se aplicam apenas noutras cidades, já que o grupo contratante costuma medir a aceitação de candidatos noutros centros do país”, pontuou o professor.