Ibama mostra rio de sangue em frigorífico de Zé Lopes, que abatia gado criado em área embargada por desmatamento ilegal

Operação Carne Fria 2 identificou 23 frigoríficos que adquiriram animais de 69 propriedades rurais que criavam e comercializavam gado em áreas embargadas por desmatamento ilegal.

A reportagem é publicada por ClimaInfo

JBS e outros 22 frigoríficos foram multados pelo IBAMA em quase R$ 365 milhões por adquirirem gado criado em áreas desmatadas. É resultado da Operação Carne Fria 2, promovida pelo órgão ambiental em outubro, que visa coibir o desmatamento na Amazônia com a fiscalização da cadeia que produz ou comercializa gado procedente de áreas desmatadas ilegalmente na região.

A operação teve como alvos filiais no Pará da JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista – os mesmos envolvidos no jabuti dos fósseis. O valor inicial da punição contra a empresa, uma das maiores produtoras de carne bovina do mundo, é de R$ 615,5 mil, informa a Folha.

Outros frigoríficos envolvidos são a Frigol (multa de R$ 1,8 milhão), de Tucumã (PA), a 163 Beef (quase R$ 1,3 milhão), de Novo Progresso (PA), e a Frizam (R$ 2,8 milhões) em Boca do Acre (AM), que pertence ao pecuarista multimilionário Zé Lopes, cujo filho, Zé Lopes Júnior, foi eleitor vereador por Rio Branco em 6 de outubro deste ano.

O Ibama gravou um vídeo durante a operação na Frizan, que teve 18 mil cabeças de gado apreendidas. O gado foi criado irregularmente em áreas de preservação florestal. As imagens mostram um rio de sangue que se forma do frigorífico Frizam até um lago do município de Boca do Acre (assista abaixo). Lacrado há 10 dias, o frigorífico permanece fechado.

O IBAMA identificou 69 propriedades rurais que criavam e comercializavam aproximadamente 18 mil cabeças de gado em 26 mil hectares de áreas embargadas por desmatamento ilegal, relata o UOL. A fiscalização identificou 23 frigoríficos que adquiriram esses animais, tornando-se assim infratores ambientais. E ainda apreendeu quase 9.000 cabeças de gado em áreas embargadas no Pará e no Amazonas, segundo Veja e BNC Amazonas.

Vários frigoríficos assinaram compromissos com o Ministério Público em 2013 concordando em não comprar gado de fazendas que tenham sido desmatadas ilegalmente ou que tenham sido incluídas em listas sujas por crimes ambientais.

JBS e mais de uma dúzia de outras grandes empresas agrícolas também se comprometeram a eliminar o desmatamento de suas cadeias de suprimentos até 2025, incluindo a destruição ligada a fornecedores indiretos que vendem para intermediários que, por sua vez, vendem para os frigoríficos. No entanto, no fim do ano passado, uma pesquisa mostrou que 92% dos frigoríficos instalados na Amazônia Legal não têm o controle necessário da cadeia pecuária para garantir se a carne é ou não oriunda de áreas desmatadas.

A primeira edição da Carne Fria, em 2017, já havia atingido frigoríficos da JBS, que também foi alvo da chamada operação Carne Fraca, no mesmo ano. Os frigoríficos foram autuados por terem comprado gado de propriedades que constam na lista pública de embargos ambientais.

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