Ir para a academia ou praticar um esporte apenas uma ou duas vezes na semana pode ser o suficiente para reduzir o risco de sofrer declínio cognitivo no futuro, mostra uma nova pesquisa.
Capitaneado por pesquisadores do Chile, o trabalho foi publicado, nesta quarta-feira (30/10), no British Journal of Sports Medicine.
O declínio cognitivo é caracterizado pela perda da capacidade de realizar atividades que estão diretamente relacionadas ao nosso dia a dia. O quadro está entre a cognição normal e a demência.
Os pesquisadores explicam que o exercício pode aumentar as concentrações de fatores neurotróficos derivados do cérebro (moléculas que dão suporte ao crescimento e sobrevivência dos neurônios) e a plasticidade cerebral. A atividade física também está associada a maior volume cerebral, maior função executiva e melhor memória.
“Este estudo é importante porque sugere que mesmo pessoas ocupadas podem obter benefícios para a saúde cognitiva ao participar de uma ou duas sessões de esporte e exercícios por semana”, dizem os pesquisadores no artigo científico.
Atletas de final de semana
A pesquisa foi feita a partir de dados de 10 mil pessoas, com idade média de 51 anos, inscritos no Estudo Prospectivo da Cidade do México.
O estudo foi dividido em dois períodos. No primeiro, que ocorreu entre 1998 e 2004, os participantes foram questionados se praticavam exercícios ou esportes e a frequência (incluindo quantas vezes na semana e o tempo em minutos).
A partir das respostas, eles foram separados em quatro grupos:
- Sedentários (7.945 pessoas);
- Atletas de final de semana, que se exercitavam uma ou duas vezes por semana (726 pessoas);
- Regularmente ativos, que se exercitavam três ou mais vezes por semana (1.362 pessoas);
- Grupo combinado, composto por atletas de final de semana e regularmente ativos (2.088 pessoas).
Na segunda fase do estudo, os pesquisadores usaram questionário sobre saúde mental para avaliar a função cognitiva dos participantes. O comprometimento cognitivo leve foi definido como uma pontuação igual ou inferior a 22 no teste.
Na prática, é quando alguém começa a ter problemas com a memória e pensamento. Para algumas pessoas, ele pode ser um sinal precoce de uma doença que eventualmente causará demência.
Resultados
Durante o acompanhamento de 16 anos, foram identificados 2,4 mil casos de comprometimento cognitivo leve. O risco de demência leve caiu 15% nos atletas de fim de semana e 10% entre as pessoas regularmente ativas.
Os pesquisadores estimam que 13% dos casos de declínio cognitivo poderiam ser evitados se todos os adultos de meia-idade se exercitassem pelo menos uma ou duas vezes por semana.
Eles reconhecem que o estudo tem algumas limitações. A pesquisa é observacional, então nenhuma conclusão pode ser tirada sobre fatores causais. Além disso, foi baseada nas respostas dos voluntários a partir de entrevistas.
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Fonte: Metrópoles