Senador vai à polícia após vazamento de vídeos íntimos; “lamento tudo isso”

O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) teve três vídeos íntimos vazados na internet. Em entrevista ao g1, ele lamentou a situação e disse que vai procurar a polícia para denunciar o caso. O registro de imagens íntimas e a divulgação delas sem consentimento é crime desde 2018. Especialista explica abaixo quais as punições para o responsável; entenda.

“É chato pra caramba, desagradável pra caramba isso. Hoje a mulher é casada e aí surge um vídeo desse. Lamento tudo isso ter acontecido. É tudo verdade, de março de 2007”, lamentou o senador.

Como mostrou o g1 tecnologia, o Brasil registrou ao menos 5.271 processos judiciais envolvendo o registro e a divulgação de imagens íntimas sem consentimento. Eles foram abertos entre janeiro de 2019 e julho de 2022. A média é de 4 registros por dia no país.

O advogado criminal Pedro Paulo de Medeiros, que é pós-doutor em democracia e direitos humanos pela Universidade de Coimbra, em Portugal, explica que a Constituição Federal assegura o direito à imagem, intimidade, privacidade e honra, prevendo indenização em casos de violação, conforme o artigo 5º.

Além disso, segundo Pedro Paulo, o Código Civil e o Código de Processo Civil regulamentam e detalham essas garantias, permitindo que a vítima busque reparação por danos morais e materiais.

Já no âmbito penal, o artigo 218-C é o principal a tipificar como crime a divulgação de imagens íntimas sem o consentimento dos envolvidos. O advogado ressalta que, se o responsável pela divulgação mantinha uma relação íntima com a vítima, ou agiu por vingança ou humilhação, a pena é agravada. Entenda mais sobre a conhecida “pornografia de vingança” abaixo.

“Neste caso específico (de Kajuru), duas circunstâncias merecem atenção: parece que a gravação não foi feita por qualquer dos envolvidos, mas por um terceiro. Ainda não se sabe se essa gravação foi consentida por um ou por ambos os participantes. Outro aspecto relevante é identificar quem divulgou o material e qual foi sua intenção”, destaca o especialista.

Também segundo Pedro Paulo, é importante saber se a divulgação foi feita por meio de plataformas ou dispositivos localizados fora do Brasil, ou mesmo que tenha partido de algum ponto no Brasil, se recebeu ajuda de fora do país. Tudo isso, pode influenciar a competência da investigação e julgamento, envolvendo a Polícia Federal e Justiça Federal ou a Polícia Civil e Justiça Estadual.