Banco Central cobra do governo medidas estruturais de corte de gastos

Banco Central cobra do governo medidas estruturais de corte de gastos

Os diretores do Banco Central (BC), que decidiram nesta quarta-feira (6/11) por uma elevação de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, cobraram a “apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal”, as medidas de corte de gastos públicos.

Com a decisão, a Selic subiu de 10,75% ao ano para 11,25% ao ano. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC será realizada nos dias 10 e 11 de dezembro. Além de ser a última reunião do colegiado de 2024, será a última reunião sob a presidência de Roberto Campos Neto. Ele será substituído, a partir de janeiro de 2025, pelo indicado por Lula, o atual diretor de Política Monetária Gabriel Galípolo.

O governo Lula (PT) trabalha na finalização de um conjunto de medidas de revisão das despesas, que poderá ser detalhado ainda nesta semana. Segundo o Banco Central, essas medidas contribuirão para reposicionar a inflação dentro das metas estipuladas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A meta para 2024 e os próximos anos é de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo (4,5% e 1,5%). A taxa de juros é o principal instrumento de política monetária do BC para manter a inflação sob controle, isto é, dentro da meta.

“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz o comunicado divulgado no início desta noite.

Atualmente, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, está em 4,42% no acumulado de 12 meses até setembro – cada vez mais próximo ao limite da meta.

O mercado financeiro aposta que a inflação vai estourar o teto da meta, ficando em 4,59% até o fim do ano. O dado referente ao mês de outubro será divulgado nesta sexta-feira (8/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No comunicado, os diretores afirmam que o ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos.

A decisão foi unânime, com a concordância de todos os nove integrantes do Copom: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.


Fonte: Metrópoles