Em 2014, Derek Pfaff, então com 19 anos, sofreu ferimentos graves após dar um tiro no próprio rosto. Durante os dez anos seguintes, passou por 58 cirurgias reconstrutivas, sem conseguir recuperar totalmente as funções faciais perdidas, como a capacidade de piscar, engolir, sorrir e respirar pelo nariz.
Uma década depois do ocorrido, em fevereiro deste ano, Derek recebeu um transplante de rosto. O procedimento foi realizado pela equipe da Mayo Clinic, durou mais de 50 horas, e envolveu cerca de 80 profissionais. A técnica devolveu a maioria das funções perdidas ao rapaz, que hoje tem 30 anos.
“Estava sob muita pressão na faculdade. Não me lembro de ter tomado a decisão de tirar a minha própria vida. Quando acordei no hospital, pensei inicialmente que havia sofrido um acidente de carro. Sobrevivi por uma razão. Quero ajudar os outros. Sou muito grato ao meu doador, à sua família e à minha equipe de cuidados da Mayo Clinic por terem me dado essa segunda chance”, relatou ele, que se tornou uma voz ativa na prevenção ao suicídio, em comunicado.
A cirurgia substitui aproximadamente 85% da face — incluindo mandíbula, maxila, dentes e nariz — permitiu que ele voltasse a sorrir, respirar normalmente e até falar com mais facilidade. O transplante foi realizado em fevereiro deste ano, após a equipe médica ter encontrado um doador compatível.
Transplante de rosto
O transplante de rosto foi realizado pela primeira vez há 19 anos, e segue sendo um procedimento raro e complexo, não foi realizado mais que 60 vezes ao redor do mundo. A Mayo Clinic foi uma das pioneiras a incorporar esse tipo de cirurgia à sua prática clínica. O programa de transplante reconstrutivo da instituição já realizou diversas operações de sucesso desde 2016.
O cirurgião Samir Mardini, responsável pelo caso de Derek, explica que a cirurgia não tem fins estéticos, embora as melhorias na aparência de Derek tenham sido significativas. “Essa não é uma operação estética, mas um procedimento que visa restaurar funções essenciais, como sorrir, falar e respirar”, afirma.
Após o transplante, Derek passou por cirurgias adicionais para refinar os resultados, incluindo ajustes na língua e nas pálpebras e para garantir que os nervos faciais estivessem funcionando corretamente. A reconexão dos nervos foi um dos maiores desafios da operação, já que é essencial para restaurar as funções faciais.
“Essa cirurgia transformou a minha vida. Me sinto muito mais confiante. Espero, um dia, encontrar alguém, me estabelecer e ter uma família. Também vou continuar compartilhando a minha história com os outros para ajudar o maior número de pessoas possível”, diz Derek.
Agora, quase nove meses após a cirurgia, Derek consegue expressar emoções como felicidade e tristeza, algo que parecia impossível após a tragédia de 2014. “A maioria dos transplantes de órgãos salva vidas. O transplante facial, no entanto, te dá vida novamente”, afirma Mardini, ressaltando a importância da cirurgia na recuperação de funções essenciais e na qualidade de vida dos pacientes.
Atualmente, Derek continua compartilhando sua história com o objetivo de ajudar outras pessoas e aumentar a conscientização sobre a prevenção ao suicídio. “Quero ser uma voz para quem precisa de ajuda. Vivi por uma razão, e sou grato por essa chance”, afirma.
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Fonte: Metrópoles