O Banco Central (BC) informou na tarde desta sexta-feira (29/11) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai encaminhar na próxima semana mensagem ao Senado Federal com a indicação dos três novos diretores da instituição.
Os indicados são:
- Izabela Correa, na vaga de Carolina de Assis Barros (Diretora de Relacionamento Institucional, Cidadania e Supervisão de Conduta);
- Gilneu Vivan, na vaga de Otávio Damaso (Diretoria de Regulação); e
- Nilton David, na vaga de Gabriel Galípolo (Diretoria de Política Monetária).
Galípolo vai assumir a presidência do BC a partir do próximo ano, com o término do mandato de Roberto Campos Neto, e sua vaga na Diretoria de Política Monetária ficaria vaga.
Caso as indicações sejam aprovadas pelo Senado ainda em 2024, os indicados passarão a exercer o cargo de diretor do Banco Central do Brasil a partir de 1° de janeiro de 2025.
Os indicados precisam ser sabatinados pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e ter seus nomes aprovados pelo colegiado e pelo plenário da Casa legislativa.
Perfis
Izabela Moreira Correa é servidora do Banco Central desde 2006 e a atual secretária de Integridade Pública da Controladoria-Geral da União (CGU). Foi pesquisadora de pós-doutorado na Escola de Governo da Universidade de Oxford e possui doutorado em governo pela London School of Economics and Political Science (2017). É mestre em ciência política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e graduada em administração pública pela Escola de Governo da Fundação João Pinheiro.
A indicação de Izabela visa manter uma mulher no Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.
Gilneu Francisco Astolfi Vivan também é servidor de carreira do BC desde 1994 e atualmente é chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro (Denor). Mestre e bacharel em economia pela Universidade de Brasília (UnB) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Até o início de 2024, atuou como chefe do Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro Nacional. Também representou o Brasil em diversos grupos internacionais, tais como Analytical Group on Vulnerabilities, do Financial Stability Board, responsável por avaliar as ameaças ao sistema financeiro mundial.
Por fim, Nilton José Schneider David atualmente é chefe de Operações Tesouraria do Banco Bradesco. Tem grande experiência no mercado financeiro, tendo trabalhado em diversas instituições no Brasil e no exterior. É graduado em Engenharia de Produção pela Escola de Engenharia Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
As vagas de Relacionamento Institucional, Cidadania e Supervisão de Conduta e de Regulação costumam ser ocupadas por servidores de carreira. Já a Diretoria de Política Monetária costuma ser ocupada por um nome do mercado.
Selic
Como mostrado pelo Metrópoles, a pouco mais de um mês da posse de Galípolo, Lula tem empoderado seu indicado e reduzido as críticas sobre o atual patamar da taxa básica de juros, a Selic, definida pelo BC. Nas últimas semanas Galípolo tem acompanhado agendas do Palácio do Planalto, incluindo viagens internacionais do presidente da República, e do Ministério da Fazenda, com destaque para o pacote de corte de gastos.
Em 2024, haverá apenas mais uma reunião do Copom, nos dias 10 e 11 de dezembro. É o colegiado que decide a Selic válida pelos 45 dias seguintes.
Na última reunião, o Copom acelerou o ritmo de alta de juros e elevou a Selic de 10,75% ao ano para 11,25% ao ano, gerando críticas entre petistas como o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, e a presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann.
A taxa de juros é o principal instrumento de política monetária do BC, para manter a inflação sob controle, ou seja, dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, o que significa que pode oscilar entre 4,5% e 1,5%. O mercado prevê que a inflação estoure o teto da meta este ano.
Fonte: Metrópoles