Menino de 4 anos ainda sofre efeitos do VSR que contraiu aos 10 meses

Tatiani Lobo, 45, não sabia o que era o vírus sincicial respiratório (VSR) até que seu filho, Davi, foi internado aos 10 meses de idade com uma bronquiolite aguda causada pelo patógeno.

Muitas vezes tratado como um vírus sazonal causador de sutis resfriados, o VSR pode também ser perigoso, especialmente na primeira infância: ele é o principal causador de complicações respiratórias agudas em crianças de até 2 anos de idade e pode levar a sequelas duradouras no pulmão.

No caso de Davi, por exemplo, mesmo agora, aos 4 anos de idade, as consequências do VSR seguem aparecendo. “Toda vez que ele pega um resfriado, o pulmão fica comprometido”, afirma Tatiani.

“Quando o Davi apresenta qualquer quadro gripal, a gente já precisa ficar de olho, porque a saturação pode cair bastante. Ele logo fica com muita tosse, muita dificuldade respiratória — isso com qualquer gripe”, completa.

Davi nasceu prematuro, às 33 semanas, no auge da pandemia de Covid-19, quando as preocupações com os vírus respiratórios estavam em níveis críticos. Por isso, a família reforçou os cuidados para proteger o pequeno, mas aos 10 meses de idade ele começou a manifestar sintomas de gripe.

“Foi um baque para nós porque o Davi vivia em uma bolha. Ele era prematuro, estávamos em uma pandemia e eu tinha muito medo que ele morresse. Eu não levava ele para a brinquedoteca do prédio quando outras crianças estavam lá. Mas, ainda assim, ele ficou doente”, lembra.

Foto mostra Davi Lobo, menino que teve bronquiolite por VSR quando tinha 10 meses e até hoje tem complicações pulmonares por conta da doença
Davi precisou passar por duas aspirações diárias de muco do pulmão no hospital

Complicações do VSR

Os primeiros sintomas foram febre alta e cansaço extremo do pequeno recém-nascido. Tatiani foi aconselhada a monitorar a saturação do filho, que logo chegou a níveis tão baixos que ele precisou de suporte respiratório e foi internado.

O VSR causou bronquiolite, uma infecção caracterizada pelo inchaço e acúmulo de secreção nos bronquíolos, delicadas terminações que fazem a troca de ar nos pulmões.

“Eu não sabia o que era VSR, mas a médica me disse: ‘Eu preciso internar vocês porque o pior ainda está por vir’. Ficamos fazendo aspirações do muco para diminuir a secreção duas vezes por dia para permitir que ele voltasse a respirar. Foi muito agoniante”, lembra.

Como não existe tratamento específico para o VSR, a Tatiani ficou ao lado do filho esperando que, com a ajuda do respirador, ele se recuperasse. Semanas depois, a família recebeu alta mas, mesmo após deixar o hospital, a função pulmonar do menino nunca mais foi a mesma.

“Eu sabia que ele ser prematuro poderia levar a complicações na saúde, mas o VSR piorou tudo. Hoje em dia, se ele fica gripado, a gente precisa entrar com corticoide, fazer ciclo de bombinha respiratória de asma e acompanhar a saturação o tempo todo. Várias vezes, à noite, é preciso fazer as técnicas que a gente aprendeu no hospital para garantir que ele consiga respirar”, conta a mãe.

Foto mostra Davi Lobo, menino que teve bronquiolite por VSR quando tinha 10 meses e até hoje tem complicações pulmonares por conta da doença
Menino até hoje enfrenta consequências do VSR quando fica gripado ou resfriado

O VSR em bebês

O vírus sincicial respiratório é altamente contagioso e é transmitido através das gotículas respiratórias contaminadas. Em adultos, causa sintomas semelhantes aos de um resfriado comum, mas pode ser especialmente perigoso para bebês e idosos.

Os principais sintomas incluem tosse, coriza, obstrução nasal, espirros, febre, dores de cabeça e no corpo, mas os pais podem ficar atentos aos sintomas de que a doença está se complicando.

“É preciso ter atenção aos sintomas de um acometimento mais grave. O cansaço intenso, o desconforto respiratório e o chiado no peito ao respirar devem ser sinais de alerta para os pais buscarem o hospital, já que a condição do bebê pode se agravar rapidamente”, explica o infectologista pediátrico Marco Aurélio Sáfadi, diretor de pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Para se proteger do VSR, é aconselhável evitar locais lotados e reduzir o contato com pessoas resfriadas. Além disso, é importante lavar as mãos com frequência ao interagir com o bebê e manter a casa limpa. Os cuidados devem ser redobrados com bebês prematuros, que costumam ter o sistema imunológico mais comprometido.

Existe uma vacina que previne a doença, mas ela deve ser aplicada nas gestantes para proteger o bebê antes mesmo que ele nasça. A Abrysvo é vendida em laboratórios particulares e aplicada em dose única entre as semanas 24 e 36 da gestação. O imunizante protege os nenéns até os 6 meses de idade.

A vacina também pode ser administrada em idosos acima dos 60 anos, já que muitos deles são atingidos por infecções respiratórias graves, assim como os bebês, se tiverem comorbidades.

Outra opção de prevenção do VSR é o nirsevimabe, um anticorpo monoclonal que neutraliza o vírus no momento da infecção. O medicamento, que tem aplicação única, é recomendado para recém-nascidos e bebês lactentes que estejam entrando na primeira temporada do VSR, além de pacientes do grupo de risco para complicações.

O remédio foi aprovado pela Anvisa em outubro de 2023, mas ainda não está disponível nem na rede privada, nem na particular.

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Fonte: Metrópoles

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