Muita gente considera a gripe uma doença menor e apenas espera até que seus incômodos sintomas, como a tosse, dor de garganta e o nariz entupido, desapareçam. A gripe, porém, pode causar complicações graves que podem até matar o paciente.
Segundo um informe publicado pelo Ministério da Saúde na última sexta-feira (15/11), aproximadamente 22% das pessoas hospitalizadas com síndrome respiratória aguda grave de origem viral (Srag) no Brasil foram internadas por causa da gripe. O número representa cerca de 14 mil pessoas, sendo que aproximadamente 800 delas morreram em decorrência da doença.
A principal complicação relacionada à gripe é o desenvolvimento de pneumonia, que causa a maioria dos óbitos. Além disso, com o combate ao vírus influenza, causador da gripe, as defesas do organismo se enfraquecem, permitindo o aparecimento de doenças oportunistas.
“Gripes não curadas ou que são tratadas de forma inadequada são as principais facilitadoras para o desenvolvimento de pneumonia”, informa o otorrinolaringologista Sérgio Maniglia, do Hospital Paranaense de Otorrinolaringologia (IPO).
Quem está mais exposto à gripe grave?
Um levantamento do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos pesquisou quem eram os 710 mil pacientes que foram hospitalizados por complicações da gripe nos Estados Unidos de 2010 a 2023 e confirmou os principais grupos de risco: crianças com menos de cinco anos, idosos acima dos 60 anos e pessoas com doenças crônicas. Gestantes, indivíduos com obesidade e doenças cardíacas também aparecem na lista de risco aumentado.
Crianças e idosos
Entre as crianças, o Ministério da Saúde define que menores de cinco anos são do grupo de risco, mas quanto mais jovens, maior é o risco de hospitalização e de mortalidade, especialmente nas que têm menos de dois anos.
Nos bebês, o sistema respiratório está menos preparado para lidar com o vírus e não tem anticorpos adequados para combatê-lo. Já em idosos, especialmente aqueles que superam os 80 anos, o organismo já não consegue produzir células de defesa na quantidade necessária para se opor ao vírus.
Pessoas com doenças crônicas
O risco aumentado para pessoas com doenças crônicas engloba uma série de enfermidades, especialmente a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). A lista completa do CDC, porém, é bem mais longa e reúne pessoas com asma, HIV, doenças cardiovasculares, anemia falciforme, diabetes mellitus, transtornos neurológicos que comprometam a respiração (como epilepsia e paralisia cerebral), doenças crônicas no pulmão ou no fígado e pacientes transplantados.
Gestantes
As gestantes são um grupo de cuidado pois podem desenvolver um tipo particular de pneumonia causado pela gripe. Na maioria das pessoas gripadas, o que ocorre é que bactérias e outros vírus oportunistas acabam colonizando o pulmão. Em grávidas, pode ser desencadeada uma pneumonia primária causada pelo vírus influenza. Indivíduos com doenças crônicas cardiovasculares também podem desenvolver a condição.
Obesos
As pessoas com obesidade grave, que possuem um índice de massa corporal (IMC) superior a 40, também possuem risco aumentado de ter quadros graves de gripe. Os médicos acreditam que o excesso de peso pode atrapalhar a respiração e também o funcionamento hormonal do organismo, prejudicando a organização das células de defesa do corpo.
Hipertensos e cardiopatas
Por fim, as pessoas com hipertensão também foram proporcionalmente muito hospitalizadas. Um em cada quatro adultos entre 18 e 50 anos que foi internado por gripe tinha pressão alta e entre os idosos, metade tinha o diagnóstico da doença. Elas têm o sistema circulatório naturalmente mais sobrecarregado e a infecção pelo influenza ainda limita a oxigenação do organismo.
Prevenção da gripe
Por isso, a melhor estratégia para a prevenção é a vacinação. No SUS, a campanha visa imunizar os idosos, mas em 2024 ela foi ampliada para todas as pessoas com mais de 6 meses de idade.
“A vacina da gripe é atualizada a cada ano, prevendo quais serão as variantes que mais circulam para proteger a população naquele período. A eficácia da vacina é justamente resultado dessa cuidadosa combinação das cepas predominantes. Estudos clínicos demonstram sua segurança, com menos de 1% dos vacinados apresentando efeitos colaterais graves”, conclui a infectologista Ana Rosa dos Santos, do Sabin Diagnóstico e Saúde.
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Fonte: Metrópoles