USP: 54% dos casos de demência na América Latina poderiam ser evitados

USP: 54% dos casos de demência na América Latina poderiam ser evitados

Mais da metade das pessoas que desenvolve demência na América Latina é vítima da falta de assistência de saúde no momento certo e de oportunidade de seguir um estilo de vida que ajude na prevenção do declínio cognitivo.

A conclusão é de um estudo liderado por médicos da Universidade de São Paulo (USP) sobre a incidência da demência em nosso continente. A estimativa é de que 54% das pessoas com a doença na região poderiam não ter desenvolvido o quadro se tivessem bons cuidados e hábitos de vida. Só no Brasil, 48,2% casos seriam evitados.

Segundo o estudo, publicado em 20 de outubro na revista The Lancet Global Health, os números da América Latina estão muito acima da média global de 40% dos casos, segundo as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Fatores que poderiam evitar demência

No Brasil, estima-se que cerca de 2 milhões de pessoas têm demência, embora a maioria destes casos não seja diagnosticado oportunamente. A doença de Alzheimer é a forma mais comum de declínio cognitivo, ligada a até 70% dos casos.

A pesquisa avaliou dados de 107 mil pacientes notificados em sete países (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Honduras, México e Peru). Os médicos cruzaram os números com 12 indicadores sociais que apontam fatores de risco aumentado para a demência. São eles:

  • Baixa educação;
  • Perda auditiva;
  • Hipertensão;
  • Obesidade;
  • Tabagismo;
  • Depressão;
  • Isolamento social;
  • Inatividade física;
  • Diabetes;
  • Consumo excessivo de álcool;
  • Poluição do ar;
  • Lesão cerebral traumática.
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Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais e que pode surgir décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomas

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Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista

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Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoce

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Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do ano

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Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doença

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Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comuns

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Segundo pesquisa realizada pela fundação Alzheimer’s Drugs Discovery Foundation (ADDF), a presença de proteínas danificadas (Amilóide e Tau), doenças vasculares, neuroinflamação, falha de energia neural e genética (APOE) podem estar relacionadas com o surgimento da doença

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O tratamento do Alzheimer é feito com uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. A doença não tem cura e o cuidado deve ser feito até o fim da vida

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Os pesquisadores avaliaram a prevalência dos fatores de risco na população de pessoas com demência de cada país. A baixa escolaridade acomete, segundo os cálculos, 46,7% dos brasileiros com declínio cognitivo. No Brasil, 46,4% dos casos de demência estiveram ligados à pressão alta, o maior índice dos países pesquisados — em contrapartida, o país teve o menor índice de casos relacionados ao consumo excessivo de álcool (4,3%) e de isolamento social (1,6%).

“Os fatores de risco também apontam para o potencial de prevenção de demência. Por exemplo, quando a atividade física é realizada de forma regular, melhora a saúde vascular, que promoverá uma melhor nutrição e oxigenação cerebral. A obesidade pode estar relacionada às demências através da promoção de neuroinflamação”, explica a ginecologista Claudia Suemoto, em comunicado à imprensa.

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Fonte: Metrópoles