Empreender é o sonho de seis em cada 10 brasileiros, segundo edição mais recente do relatório da GEM (Global Entrepreneurship Monitor), pesquisa que contou com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Apesar da desafiadora tarefa de gerir o próprio negócio, a independência e autonomia do empreendedorismo são ambições de mais da metade da população adulta (cerca de 51 milhões de pessoas), que afirmam que abrir o próprio negócio é um dos seus principais objetivos no curto prazo.
O desejo se torna ainda mais evidente durante os meses de dezembro e janeiro, momento em que grande parte da população traça os principais objetivos e metas para o ano que se inicia.
Colocar o plano em prática depende, em boa medida, de uma profunda pesquisa de mercado e uma avaliação criteriosa dos setores em alta, de olho em investimentos certeiros e em segmentos com os quais os aspirantes a empreendedores realmente tenham certa afinidade e conhecimento.
De acordo com Luciana Macedo, gestora nacional do Sebrae, os segmentos mais promissores para 2025 serão uma extensão dos setores mais populares de 2024, tendo em vista que mudanças de mercado costumam acontecer no longo prazo, e tendências de negócio — apesar de em constante transformação — já são incorporadas a estes segmentos e na maneira como eles operam.
“Novos negócios não surgem a todo momento. O que pode surgir são os modelos de negócio inovadores, o que é uma coisa diferente. Como, por exemplo, no segmento de roupas que deve decidir por uma loja física ou digital, além de escolher se vai vender para todo o país, via redes sociais ou as duas coisas. O modelo de negócio é o que vai mudando”, explica.
Luciana está à frente da plataforma Ideias de Negócio, projeto educativo do Sebrae que aposta na criação de conteúdos informativos para a capacitação de empreendedores.
Na página, criada há mais de 10 anos, são disponibilizados e-books e manuais com dicas práticas para quem deseja abrir um negócio.
Na lista estão desde o beabá jurídico para a abertura de empresa em determinado setor e escolha de ponto de venda aos equipamentos necessários e estimativas de investimento inicial.
Ao todo, são mais de 400 diferentes segmentos abordados na plataforma.
Segundo levantamento do portal do Sebrae feito com base nas pesquisas feitas na própria plataforma, a principal tendência ligada a abertura de novos negócios são atividades que exigem baixo investimento e trazem alta rentabilidade.
Entre eles estão a corretagem de imóveis, design gráfico, distribuição de bebidas e escritório de consultoria — segmentos mais requisitados por novos empreendedores em 2024.
Veja abaixo, a lista completa com os 10 segmentos mais promissores do ano.
- Corretor de imóveis
- Designer gráfico
- Distribuidora de bebidas
- Escritório de consultoria
- Fábrica de produtos de chocolate
- Loja de cosméticos e perfumaria
- Papelaria
- Imobiliária
- Pet shop
- Agência de viagens
Além do baixo investimento e rentabilidade, Luciana chama a atenção para os setores que permitem o trabalho autônomo e liberal, especialmente como um complemento de renda.
“É um investimento menor, uma coisa que as pessoas conseguem fazer até em horas vagas, cumprindo o papel de um segundo trabalho”, diz.
Os dados também apontam para setores que permitem o trabalho em ambientes remotos, tendência impulsionada pela pandemia.
“Uma tendência mesmo que é mundial, que é de uma venda mais digital, de um mercado mais digital e que permite o trabalho de casa, sem um investimento na abertura de um ambiente físico”. De modo geral, as buscas e tendências no próximo ano deverão repetir o padrão visto em 2024, segundo a executiva.
A tendência é colocada em prática na Dbout Mídia.
“Na Dbout, atuamos remotamente desde a nossa fundação. Temos um escritório em Minas Gerais, mas optamos por esse modelo por dois motivos: primeiro, para dar a liberdade das pessoas trabalharem de onde quiserem, o que mais importa para nós são os resultados, as entregas e a dedicação; segundo, para ter a possibilidade de contar com excelentes profissionais que residem em outros estados. A estratégia deu certo, pois atualmente temos 30 colaboradores e mais de 200 clientes”, afirma Luís Parrela, CEO da Dbout Mídia.
Dicas para quem vai empreender em 2025
Luciana afirma que uma das principais dicas para quem vai empreender em 2025 é a busca do conhecimento e capacitação, antes de mesmo de dar o primeiro passo.
“Eu indicaria mesmo a busca por um conhecimento mais abrangente, que pode preparar o empreendedor logo no início de jornada, o que o poupa muitos problemas e erro ligados a um planejamento estratégico mal elaborado”
Além do Ideias de Negócio, outra ferramenta de apoio a novos empreendedores é o Empretec, iniciativa desenvolvida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e aplicada no Brasil pelo Sebrae, que trabalha o desenvolvimento das habilidades empreendedoras de sucesso.
“Competências como calcular riscos, persistência e estabelecer metas estão entre as características comportamentais desejáveis no empreendedor para que ele tenha sucesso em seu negócio”, explica Luciana.
Diante deste cenário, algumas empresas têm investido em planos de carreira cada vez mais agressivos, para permitir que o empreendedorismo se desenvolva dentro do próprio negócio.
Esse é o caso da MTG Foods, a maior rede de franquias de delivery de comida japonesa do sul do Brasil.
Composto pelas operações Matsuri to Go (comida japonesa) e Mok The Poke, o grupo empresarial tem investido no desenvolvimento de colaboradores para dá-los a oportunidade de se tornarem franqueados das duas marcas.
A MTG deve faturar até o final do ano mais de R$ 70 milhões com suas 50 unidades abertas atualmente.
“Já contamos com três franqueados que iniciaram suas carreiras conosco, sem qualquer experiência prévia em sushi ou cozinha, e hoje são nossos parceiros na operação de suas próprias unidades. Além deles, outros 13 colaboradores, também formados internamente, ocupam cargos de liderança como gerentes de loja ou fazem parte das nossas equipes de suporte e treinamento e são candidatos para se tornarem futuros franqueados”, conta Raphael Koyama, CEO da rede.
Por fim, mais do que acompanhar de perto tendências de mercado e segmentos requisitados, é essencial estar alinhado com suas próprias aptidões profissionais, avalia a gerente.
“A análise das variáveis e da aptidão que o empreendedor tem naquele segmento é essencial. A pessoa precisa se analisar e avaliar os seus comportamentos empreendedores, e no que tem facilidade. A chance de sucesso é maior quando você trabalha com coisas que te inspiram a construir algo novo. Isso vai bem além das tendências”, conclui Luciana.
Texto de Maria Clara Dias
Este conteúdo foi originalmente publicado em 10 setores em alta para empreender em 2025 no site CNN Brasil.