Queridinho do povo brasileiro, o café está cada vez mais caro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação do país, mostra que os preços do produto aumentaram 2,33% em novembro.
Os preços do café moído subiram 32,66% nos últimos 12 meses, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a variação dos valores do café solúvel (4,20%) e do cafezinho (6,50%) foi menor.
Um pacote de 1 kg do produto está sendo vendido no varejo, em média, por R$ 48,57, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). No começo do ano, custava R$ 29,62.
Preço médio do café torrado e moído no varejo (por pacote de 1 kg):
- Janeiro: R$ 29,62
- Fevereiro: R$ 29,98
- Março: R$ 32,90
- Abril: R$ 29,18
- Maio: R$ 31,77
- Junho: R$ 34,46
- Julho: R$ 35,06
- Agosto: R$ 39,63
O professor de economia da Faculdade ESEG, do Grupo Etapa, Adriano Giacomini explica que o principal fator para essa alta no preço do café foi o clima, com períodos de estiagem e chuvas fortes no Brasil e no mundo.
“Minas Gerais, que é o maior produtor de café do país, vem sofrendo com a falta de chuvas e temperaturas elevadas. O café é uma fruta, então há uma necessidade de chuvas para o desenvolvimento da planta e essa falta de chuvas justamente andou afetando a florada, que é o surgimento das flores. As temperaturas elevadas acabam contribuindo para o desenvolvimento de pragas”, diz.
Giacomini lembra que, além dos preços salgados no Brasil, os preços internacionais do café estão pressionados. “A gente teve chuvas bastante fortes no Vietnã, que é uma importante região produtora”. Segundo ele, devido a essa perspectiva de uma menor oferta os estoques nos mercados internacionais estão reduzidos e o preço internacional do café também está em alta.
“Nós temos aí um importante fator climático no mercado interno, contribuindo para uma menor oferta de café e isso está afetando os preços e, de certa forma, vem sendo repassado aí para as prateleiras dos supermercados”, ressalta.
O professor afirma que “o café provavelmente vai continuar por um tempo um pouco mais caro para o consumidor brasileiro”. “Existe um fator de alívio que é o fato das pessoas consumirem um pouco menos de café quando o clima está muito quente”.
“Estamos chegando na época de verão no Brasil. “Com a elevação da temperatura, é provável que os consumidores bebam um pouco menos de café, sintam um pouco menos do efeito desse preço alto no seu consumo”, finaliza.
A variação de preços do café em 2024
O IPCA cresceu 0,39% em novembro. Hoje, a inflação do país está em 4,87% nos últimos 12 meses — 0,37 ponto percentual acima do teto da meta para 2024, com variação de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, sendo 4,5% (teto) e 1,5% (piso).
A alta do índice foi puxada principalmente pelo aumento no grupo Alimentação e bebidas (1,55%). Em termos de impacto na inflação geral de novembro, exerceu influência de 0,33 ponto percentual.
O café está entre os itens que apresentaram preços mais elevados no mês passado. Confira a variação:
Janeiro
- Café moído: 0,80%
- Café solúvel: 2,88%
- Cafezinho: 1,07%
Fevereiro
- Café moído: 0,21%
- Café solúvel: 0,08%
- Cafezinho: 0,25%
Março
- Café moído: 1,08%
- Café solúvel: 0,38%
- Cafezinho: 2,07%
Abril
- Café moído: 3,08%
- Café solúvel: -0,62%
- Cafezinho: 1,08%
Maio
- Café moído: 3,42%
- Café solúvel: 0,67%
- Cafezinho: -2,50%
Junho
- Café moído: 3,03%
- Café solúvel: 4,61%
- Cafezinho: 2,22%
Julho
- Café moído: 3,27%
- Café solúvel: -0,09%
- Cafezinho: 0,54%
Agosto
- Café moído: 3,70%
- Café solúvel: 0,36%
- Cafezinho: 1,68%
Setembro
- Café moído: 4,02%
- Café solúvel: -2,93%
- Cafezinho: 0,74%
Outubro
- Café moído: 4,01%
- Café solúvel: -2,18%
- Cafezinho: 0,86%
Novembro
- Café moído: 2,33%
- Café solúvel: 3,44%
- Cafezinho: -0,77%
Fonte: Metrópoles