A atriz australiana Cate Blanchett visitou o Brasil pela primeira vez nesta semana e conheceu pessoas afetadas pelas enchentes históricas no Rio Grande do Sul. Cate é embaixadora da boa vontade do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados).
Veja as fotos
Em entrevista para a Folha de S. Paulo, a atriz, que desembarcou nesta quarta-feira (18/12) no Aeroporto Internacional de Guarulhos, afirmou que a visita foi importante para ver como as pessoas refugiadas são resilientes quando acontecem desastres climáticos.
A ativista destacou também que ficou interessada na conexão entre desastres climáticos e deslocamento forçado, tema que considera urgente e global.
“Quando fui nomeada embaixadora pelo Acnur, meu queixo caiu quando soube que havia 65 milhões de refugiados no planeta. Hoje temos quase o dobro disso”, afirmou a atriz, apontando que cerca de três quartos dos refugiados enfrentam realidades intensificadas por mudanças climáticas.
O Rio Grande do Sul, profundamente impactado pelas enchentes, foi o primeiro Estado brasileiro a firmar um plano estadual de contingência climática em parceria com o Acnur. Durante a visita, Cate encontrou-se com o governador Eduardo Leite e elogiou as políticas inclusivas da região.
Blanchett também relatou histórias de resiliência. Um dos casos que mais a comoveu foi o de um alfaiate haitiano que, após perder tudo devido às enchentes, precisou recomeçar várias vezes.
“Ele é alfaiate e chegou ao Rio Grande do Sul cheio de determinação para reconstruir sua vida, se beneficiou das políticas inclusivas do governo brasileiro e das autoridades locais, encontrou trabalho e comprou uma pequena loja de costura. Na inundação de setembro de 2023, ele perdeu tudo e se mudou para um terreno mais alto. Economizou, comprou novas máquinas, e, mais uma vez, foi totalmente arrasado pelas enchentes de maio de 2024”, compartilhou.
Além de sua atuação humanitária, Cate tem aproveitado sua visibilidade para chamar atenção aos temas em espaços internacionais. Em setembro, ela discursou no Parlamento Europeu sobre a urgência de políticas de asilo.
Na COP29, criticou a falta de ações concretas para enfrentar a crise climática. Ela acredita que países como Brasil, Índia e China serão protagonistas na busca por soluções, enquanto outras nações que optarem por fechar fronteiras perderão relevância global.
Durante a entrevista, Cate revelou também sua admiração pela literatura e, em especial, com Clarice Lispector, a quem considera uma referência.
“Clarice era uma refugiada ucraniana, para começar, o que eu não sabia. Da primeira vez que a li, foi uma relação apenas com sua escrita profunda e poética. E o seu complexo senso de humanidade. Virou um ponto de referência para mim, porque ela é curiosa para aprender sobre as coisas que não sabe”.
A atriz ainda enfatizou a necessidade de cooperação internacional, afirmando que as crises humanitárias e climáticas são interconectadas e requerem soluções coletivas. Desde 2016, a atriz que já ganhou duas estatuetas do Oscar é embaixadora da agência da ONU (Organização das Nações Unidas).
Leia Também
Fonte: Portal LEODIAS