Confraternizações de fim de ano: vale a pena ir à academia de ressaca?

Confraternizações de fim de ano: vale a pena ir à academia de ressaca?

A ressaca pode ser a principal inimiga de quem tenta seguir uma rotina saudável em dezembro. Depois de uma noite de bebedeira com os amigos, relembrando os principais acontecimentos do ano nas tradicionais festas de confraternização, é raro acordar com disposição para malhar.

Mas afinal de contas, vale a pena praticar exercícios físicos de ressaca? Especialistas ouvidos pelo Metrópoles avaliam que depende da atividade física escolhida. Os exercícios aeróbicos, por exemplo, até ajudam a amenizar o mal-estar, mas os de alta intensidade não são indicados.

De acordo com o médico do esporte Fernando Hess Câmara Melo, professor da Universidade Santo Amaro (Unisa), a decisão sobre se exercitar ou descansar depende da quantidade de álcool ingerida e da condição em que a pessoa se encontra.

Além de atrapalhar os resultados, a ingestão de álcool horas antes de atividades físicas de alta intensidade — como a musculação — pode ser negativa para a saúde. O consumo abusivo leva à alteração no pH, aumento do metabolismo do fígado, acúmulo de substâncias no sangue, desidratação com sobrecarga dos rins e lentificação dos reflexos, por exemplo.

“Temos muitas repercussões causadas pelo álcool. Dentre elas, danos em neurônios e até em algumas funções motoras, com alterações na comunicação com os nossos músculos. O fato de estar desidratado, com a lentificação dos reflexos, com desconfortos gástricos e eventualmente uma alteração absortiva por conta desse abuso, faz com que a ida para a academia não seja tão benéfica”, afirma Melo.

O nutricionista Bernardo Romão de Lima, que dá aulas na Universidade de Brasília (UnB), acrescenta que o álcool é tóxico para os órgãos do sistema digestivo, afetando os tecidos do estômago e do intestino. Além disso, ele deprime o sistema nervoso, causando sono sem a liberação dos hormônios reparadores. Ou seja, dormir após beber não resolve o cansaço.

Qual é o melhor tipo de exercício

Se a vontade de se exercitar estiver grande, a melhor opção é focar nos exercícios aeróbicos. Segundo Melo, a corrida leve ajuda a acelerar a metabolização do álcool, amenizando o mal-estar.

Mas limite-se a uma atividade de baixa intensidade. Exercícios intensos estimulam o fígado a criar novas formas de produzir energia, o que pode contribuir para a formação de lesões hepáticas.

“Qualquer excesso de volume de treino — seja de carga ou de intensidade, no aeróbico ou no resistido — tende a fazer com que a gente use mais o fígado. Se ele já estiver sobrecarregado por conta do consumo alcoólico prévio, estará mais cansado e teremos mais tendência a sofrer lesões hepáticas”, explica Melo.

Além disso, o médico explica que quando estamos de ressaca, o sangue fica com um pH menor e a atividade física em intensidade alta piora esse quadro. Na tentativa de balancear o organismo e expulsar o ácido, o corpo entra em estado de acidose — o principal sintoma é a náusea.

Como se recuperar da ressaca?

Os sintomas característicos da ressaca, como dor de cabeça e náusea, estão relacionados à desidratação e alimentação incorreta, com carência de carboidratos. Para evitá-los, o ideal é beber dois copos de água para cada copo de álcool, aconselha Romão de Lima.

Mas se você esqueceu da dica durante a farra, o ideal é se hidratar no dia seguinte com água, isotônicos, água de coco, fazer refeições leves e sem muitos condimentos.

“Cremes, sopas vegetais e carnes brancas são indicados para que você não irrite ainda mais as mucosas estomacais e intestinais. Isso ajuda a curar a ressaca”, afirma o nutricionista.

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Fonte: Metrópoles