A influenciadora e estudante de veterinária Carolina Arruda, diagnosticada com a rara e devastadora neuralgia do trigêmeo bilateral, ainda enfrenta uma rotina de dor insuportável, mesmo após iniciar um tratamento inovador com neuromoduladores e bomba de morfina. Em entrevista ao portal LeoDias, ela conta que, apesar de uma redução parcial de 25% na intensidade das crises, o alívio ainda é insuficiente, e a jovem continua cogitando a eutanásia como uma alternativa para alcançar a paz que busca há mais de uma década.
Em julho deste ano, Carolina foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Alfenas, em Minas Gerais, para testar um novo procedimento de neuromodulação. Durante a internação, foi possível realizar ajustes na bomba de morfina e nos neuroestimuladores, dispositivos que podem bloquear a dor de sua medula espinhal. “Eu consegui passar um dia sem dor, o que foi uma experiência inédita para mim”, disse na época.
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Neuromodulação e bomba de morfina
Carolina encontrou na combinação de neuromoduladores e da bomba de morfina apenas uma pequena melhora após mais de uma década convivendo com uma dor descrita como insuportável.
“O tratamento com neuromodulador, ele foi funcionar para mim junto com a bomba de morfina, ele sozinho não teve nenhum resultado, mas com a bomba de morfina eu consegui sim esse resultado de 25%, cerca dessa redução de 25% e eu acho uma inovação da muito absurda como realmente pessoas são salvas com isso, para mim não deu certo, mas eu sei que para muitas pessoas não,” revelou.
Do sofrimento à esperança
A dor intensa que Carolina sofre não é algo simples de se lidar. Durante os anos, ela viu sua vida mudar completamente. A jovem que antes frequentava a faculdade e mantinha uma rotina ativa, agora se vê limitada em atividades simples, como limpar a casa ou sair para encontros com amigos. “A dor afetou todos os aspectos da minha vida. Perdi amizades, perdi a capacidade de fazer as coisas que eu amava”, desabafa, com a voz marcada pela saudade do que foi antes da doença.
O impacto foi tão grande que Carolina considerou a eutanásia como uma solução, algo que ela associava à paz que tanto desejava. “Eu só queria paz. Eu fui criada em um ambiente veterinário, onde a eutanásia sempre foi vista como um ato de misericórdia”, relata, ao explicar como sua visão sobre o tema foi moldada.
Apesar de ter iniciado uma campanha para arrecadar fundos e realizar a eutanásia na Suíça, Carolina decidiu, após os novos tratamentos, suspender a decisão e avaliar o que o futuro lhe reserva. “Ainda não reavaliei a eutanásia. O tratamento atual vai ser o último. Se não funcionar, continuarei atrás da eutanásia”, afirmou com serenidade.
Diálogo sobre a eutanásia
Em sua visão, Carolina aponta que a sociedade ainda tem muito a aprender sobre a eutanásia. “É um tabu, principalmente no Brasil, onde existe uma forte influência religiosa. O suicídio assistido não é suicídio”, explica, defendendo a necessidade de um debate mais aberto sobre o tema, para que as pessoas compreendam que se trata de um ato de misericórdia, não de abandono.
Para Carolina, a dor é uma experiência profundamente solitária, mas ela espera que sua história possa ajudar outros a entenderem que, mesmo nas situações mais difíceis, não se deve perder a esperança. “Eu quero dizer para outras pessoas que sofrem desses tipos de doença rara, doença crônica, é que você não está sozinho. E que às vezes o seu mínimo já é ótimo, já é excelente. Você não precisa se martirizar, você não precisa machucar a si mesmo para dar tudo de si. Eu fui aprender isso tarde”, pontua. “Aceitar ajuda não é fraqueza. Pedir ajuda é ser corajoso”, concluiu.
Fonte: Portal LEODIAS