Justiça manda Prefeitura de São Paulo mudar nomes de ruas ligadas à ditadura

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) determinou que a Prefeitura de São Paulo estabeleça um cronograma para mudar nomes de ruas e instalações que homenageiam pessoas ligadas à ditadura militar (1964-1985).

A decisão, da última quinta-feira (12), é de primeira instância e liminar — ou seja: tem caráter provisório, até uma decisão definitiva. A ação foi movida pela Defensoria Pública da União (DPU) e o Instituto Vladimir Herzog.

Procurada pela CNN, a prefeitura diz que a Procuradoria-Geral do Município ainda não foi notificada sobre a decisão. “Quando isso ocorrer, [a PGM] tomará as medidas que considerar cabíveis”, acrescentou. O Executivo municipal pode recorrer do caso em segunda instância.

Foi dado um prazo de 70 dias para que a prefeitura crie um cronograma “com o fim de implementar política pública de direito à memória para a modificação de nomes de vias e logradouros públicos” ligados à ditadura.

O que pode ser mudado?

Entre as ruas — e também instalações públicas — que devem ter seus nomes alterados, estão:

  • Crematório da Vila Alpina: oficialmente Crematório Dr. Jayme Augusto Lopes, nome dado em homenagem ao ex-diretor do serviço funerário paulistano no ápice dos casos de desaparecimentos na ditadura;
  • Clube da Comunidade Caveirinha: “Caveirinha” era como era conhecido o general Milton Tavares de Souza, quem liderou a operação que acabou com a Guerrilha do Araguaia (1973-1974);
  • uma das avenidas da Marginal Tietê: oficialmente denominada Avenida Presidente Castelo Branco, primeiro presidente do período militar (1964-1967);
  • e a Ponte das Bandeiras: homenageia Romeu Tuma, ex-diretor do órgão de repressão Departamento de Ordem Política e Social (Dops);

Também foram listadas pela DPU e o Instituto Vladimir Herzog ruas e praças que homenageiam um ex-vice-presidente, um ex-delegado e um logradouro com o nome do dia em que foi sacramentado o golpe de 1964: 31 de março.

A decisão se baseia em uma lei de 2013 e no Programa Ruas de Memória, instituído em 2013 e que visa mudar o nome de ruas e instalações públicas municipais que homenageiam pessoas e datas ligadas às violações aos Direitos Humanos.

“Há um direito à memória política a ser respeitado e promovido pelo Estado, que deve fomentar políticas públicas para a formação de uma consciência crítica sobre a essencialidade da democracia e a defesa intransigente da dignidade da pessoa humana”, afirmou o juiz Luis Manuel Fonseca Pires, da 3ª Vara de Fazenda Pública, quem proferiu a decisão.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Justiça manda Prefeitura de São Paulo mudar nomes de ruas ligadas à ditadura no site CNN Brasil.



Fonte: CNN

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