Com a chegada das festas de fim de ano e a rotina agitada, os exageros alimentares se tornam frequentes, elevando o consumo calórico diário. No entanto, quando o excesso deixa de ser pontual e vira um hábito, os impactos no corpo vão além do ganho de peso e podem surgir problemas de saúde.
O balanço calórico representa a diferença entre as calorias ingeridas e o gasto energético ao longo do dia: se você consome mais calorias do que gasta, o corpo vai armazená-las. “Se o consumo calórico supera o gasto energético, o corpo armazena o excesso em forma de gordura”, explica o endocrinologista Renato Zilli, do Hospital Sírio-Libanês.
Além disso, é importante pensar na qualidade da comida. Uma dieta rica em alimentos ultraprocessados, como refrigerantes e frituras, é hipercalórica e pouco nutritiva. “A falta de proteínas, fibras e vitaminas causar cansaço, constipação e até deficiências nutricionais que comprometem o bem-estar da pessoa”, diz Zilli.
A nutricionista Fernanda Larralde, que atende em Brasília, ressalta que, embora o ganho de peso seja o efeito mais imediato, ele não é o único problema. “O excesso calórico leva à lipogênese, o processo de armazenamento de gordura, mas também sobrecarrega o metabolismo, as articulações e os ossos, aumentando o risco de doenças graves, como a hipertensão e a diabetes”, alerta.
Fernanda explica que excessos pontuais geralmente resultam em retenção de líquidos e inchaço. “Para ganhar um quilo de gordura, é preciso consumir cerca de 7 mil calorias a mais do que o necessário, algo que não acontece de forma tão rápida”, explica.
O endocrinologista Gustavo Francklin, que atende em Brasília, destaca que exageros alimentares frequentes podem desregular os hormônios responsáveis pelo metabolismo e pela fome, além de aumentar os riscos de doenças graves, como diabetes tipo 2, dislipidemia e doenças cardiovasculares, incluindo infarto e AVC.
“Pacientes com excesso de peso também costumam apresentar doenças ortopédicas, como dores no joelho e na coluna. O consumo exagerado de carboidratos e gorduras eleva os níveis de insulina, o que pode causar resistência à insulina, dificultando a entrada de glicose nas células e promovendo o armazenamento de gordura, fatores que contribuem para o desenvolvimento da diabetes tipo 2”, explica Francklin.
Saiba o que acontece com o corpo se você extrapolar calorias todos os dias:
1 – Acúmulo de gordura corporal
Quando o consumo calórico ultrapassa o gasto energético, o excesso é armazenado em forma de gordura. “Isso acontece principalmente em áreas como abdômen, coxas e braços. Por exemplo, alguém que decide comer sobremesas diariamente, sem aumentar a atividade física, percebe o aumento de peso, mas também a perda de definição muscular. O corpo tende a acumular gordura em vez de construir músculos”, explica o endocrinologista Renato Zilli.
2 – Sobrecarga no sistema digestivo
O excesso de alimentos também pode comprometer o funcionamento do sistema digestivo, sobrecarregando órgãos como o estômago e o intestino. De acordo com a nutricionista Fernanda, a digestão vai ficando muito mais lenta porque o próprio estômago já não consegue realizar de maneira eficiente a primeira etapa do processo.
“Esse problema se estende ao intestino, onde o metabolismo fica mais lento e podem surgir sintomas como azia, refluxo e constipação”, pontua a nutricionista.
3 – Risco de inflamação e doenças gastrointestinais
Dietas ricas em ultraprocessados e alimentos gordurosos aumentam a propensão a problemas como gastrite e úlceras.
Fernanda explica que esse tipo de alimentação gera um processo inflamatório sistêmico. “Alimentos com mais aditivos, gordura saturada e açúcar podem causar inflamações porque o sangue circula nutrientes que não fazem bem ao organismo”, diz.
Consumo calórico recomendado
O consumo calórico ideal varia conforme o gasto energético e as necessidades individuais. Segundo o endocrinologista Renato, é possível ultrapassar de forma ocasional 10% a 20% do total diário recomendado, desde que a alimentação seja baseada em opções nutritivas.
“Uma pessoa que precisa de 2.000 calorias, por exemplo, pode consumir até 2.400 de forma esporádica, mas com alimentos como castanhas, abacate ou iogurte natural. O impacto é muito diferente de consumir fast-food ou doces em excesso”, destaca o médico.
Já a nutricionista Fernanda reforça que, além do cálculo calórico, é importante aprender a ouvir os sinais do próprio corpo. “Diferenciar fome de saciedade é o primeiro passo. Comer quando se tem fome e parar no primeiro sinal de saciedade ajuda a manter o equilíbrio”, orienta.
Dicas para manter o equilíbrio calórico:
- Pratique atividades físicas regularmente: Exercícios ajudam a equilibrar o gasto energético e a melhorar a composição corporal, promovendo o uso do excedente calórico de forma saudável;
- Priorize alimentos naturais e nutritivos: Inclua mais frutas, vegetais, proteínas magras e grãos integrais na alimentação para garantir que o corpo receba os nutrientes necessários;
- Hidrate-se adequadamente: beber água ao longo do dia é essencial para o bom funcionamento do metabolismo e ajuda a evitar a confusão entre fome e sede;
- Atenção ao comer: evite distrações durante as refeições, como televisão ou celular, para perceber melhor os sinais de saciedade e evitar exageros;
- Conte com acompanhamento profissional: consultas regulares com nutricionistas e médicos ajudam a personalizar as necessidades calóricas e a identificar possíveis excessos ou carências na dieta.
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Fonte: Metrópoles