A oxandrolona é um dos esteroides mais populares no Brasil. Os esteroides são substâncias artificiais que agem de forma semelhante à testosterona no organismo, e são usados para o ganho de massa muscular (anabolismo) ou tratamento de disfunções hormonais.
Apesar de seu uso estético ser condenado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a oxandrolona é muito consumida pelos adeptos de anabolizantes. As “vantagens” dela seriam o fato de ser administrada em comprimidos e de ter menos efeitos colaterias que outras opções.
Entretanto, especialistas ouvidos pelo Metrópoles destacam que a oxandrolona acarreta em uma série de prejuízos à saúde.
O que é a oxandrolona?
A oxandrolona é um hormônio sintético derivado da testosterona e vendido como medicamento para combate do catabolismo (perda de massa muscular) em vários países do mundo. O uso da oxandrolona não é aprovado no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, desde 2023, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proíbe a prescrição de hormônios anabolizantes para fins estéticos.
Os anabolizantes são hormônios esteroides naturais ou sintéticos que promovem o crescimento celular e a divisão, resultando no desenvolvimento de diversos tipos de tecidos, especialmente o muscular e o ósseo. Essaa substâncias geralmente são derivadas do hormônio sexual masculino, a testosterona, e podem ser administradas por via oral ou injetável.
Para que foi criada e quando?
A oxandrolona foi criada em 1964 nos Estados Unidos. O hormônio sintético foi pensado para tratar pacientes com hipogonadismo (mal funcionamento dos testículos), que apresentavam queda na produção de testosterona.
Entretanto, o uso da oxandrolona se popularizou em academias entre pessoas que não tinham recomendação médica para a substância. Isso levou o laboratório Searle, que inventou a oxandrolona, a descontinuar a produção em 1989, quando apareceram casos graves associados ao consumo da substância.
Em 1995, a oxandrolona voltou ao mercado com o nome Oxandrin e, desta vez, tinha o uso aprovado para pessoas com graves doenças que levavam à perda de peso, como câncer e aids.
No período, o fabricante tentou aprovar o medicamento no Brasil, mas não conseguiu. Nos Estados Unidos, o remédio foi proibido em 2023.
Por aqui, a substância pode ser usada como ingrediente de remédios manipulados, desde que haja recomendação médica que justifique uso excepcional. Durante muitos anos, porém, os médicos estão aproveitando esta brecha para recomendar o uso da oxandrolona que, inclusive, é o principal ingrediente dos implantes subcutâneos conhecidos como chips da beleza.
Qual os efeitos do uso?
No organismo, a oxandrolona age de forma semelhante à testosterona, repondo sinteticamente o hormônio, o que recupera o desejo sexual, facilita o ganho de massa muscular e acelera o metabolismo.
A oxandrolona age no corpo como um regulador do processo de síntese proteica, aumentando a formação de tecido muscular.
O personal trainer Leandro Twin, consultor da rede de academias Bluefit, afirma que a oxandrolona é um dos anabolizantes mais usados por proporcionar um efeito mais natural do que outras substâncias semelhantes.
“A oxandrolona tem um efeito seco, mais próximo do natural, por isso é muito procurada. A aparência do músculo fica menos inchada”, afrma Twin. Ele lembra que todos os anabolizantes são prejudiciais à saúde do organismo e são mais arriscados conforme se aumenta a dose e o tempo de uso.
Quais são os riscos do uso estético?
Os efeitos da oxandrolona são prejudiciais para quem não tem indicação médica para reposição de testosterona. O endocrinologista Clayton Macedo, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), alerta que o uso dela está longe de ser seguro.
“A oxandrolona é a menina dos olhos dos usuários de esteroides, porque ela teoricamente é um pouco mais segura que os outros anabolizantes usados. Entretanto, ela é tóxica para o fígado, pois sobrecarrega o metabolismo do órgão. Além disso, ela aumenta a proporção de colesterol ruim no organismo e causa um desequilíbrio hormonal que leva à acne, queda ou crescimento de pelos e alterações na voz”, alerta Macedo.
Quando cancelou a comercialização do produto nos EUA, a Food and Drug Administration alertou que a oxandrolona foi associada aos seguintes riscos:
- Problemas no fígado, às vezes associada a insuficiência hepática e hemorragia abdominal;
- Formação de tumores no fígado;
- Aumento da quantidade de lipídios no sangue e maior risco de aterosclerose;
- Risco de hipercalcemia em mulheres com câncer de mama;
- Risco de aumento da próstata.
O endocrinologista Leonardo Parr, também da SBEM-SP, alerta que o uso do anabolizante por em mulheres pode levar ao aparecimento de características sexuais secundárias masculinas.
“A oxandrolona pode levar a uma masculinização no corpo feminino com alterações que levam a irritação da bexiga, sensibilidade aumentada nas mamas, queda de cabelo e acne”, diz.
Além disso, para os homens, o uso pode levar a complicações de saúde mental, como agressividade aumentada e dependência causada pela redução da produção natural de testosterona do organismo.
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Fonte: Metrópoles