A retirada de recipientes de compostos químicos do Rio Tocantins só será iniciada após o fim das buscas por desaparecidos em decorrência do desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira. A informação foi compartilhada nesta quinta-feira (26) por Marcelo Neiva, coordenador de Atendimento a Acidentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
De acordo com Neiva, por demandar cuidado e estratégia das empresas responsáveis, o processo a retirada completa dos produtos não deve ser vista em menos de 15 dias.
“Retirar esses produtos do rio não é um processo rápido, tem que ser feito com toda a segurança”, afirmou Neiva. “No momento, os mergulhadores estão trabalhando única e exclusivamente para encontrar os desaparecidos, só depois irá entrar a equipe de resposta. Não é algo que será resolvido num piscar de olhos”, disse.
Autoridades realizam, desde o início desta tarde, uma reunião virtual da sala de crise que monitora os impactos do desabamento da ponte. O acidente ocorreu no último domingo (22), entre municípios do Maranhão e do Tocantins, e deixou ao menos oito mortos e nove desaparecidos.
Órgãos ligados às áreas de saúde e meio ambiente discutem alternativas para garantir a qualidade da água do rio já que, durante o desabamento, caminhões com pesticidas e ácido sulfúrico caíram no rio. Análises preliminares apontam que, até o momento, não há alterações significativas na água e ela segue segura para uso humano.
“O que está sendo muito bem-feito é o monitoramento da água para consumo humano. É esse monitoramento que pode dar tranquilidade à população. Retirada dos produtos só será iniciada depois de encontrados os desaparecidos”, afirmou o coordenador do Ibama.
Segundo Marcelo, as três empresas que transportavam produtos químicos foram notificadas para apresentarem planos de respostas. Elas serão responsáveis pelo planejamento da retirada dos produtos da água.
Vazamento
De acordo com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), não há indícios de que teve vazamento dos produtos químicos na água do rio. A probabilidade de que isso ocorra futuramente também é considerada muito baixa.
No entanto, se houver vazamento, a ANA afirma que o risco maior é para o meio ambiente. Segundo a agência, estudos preliminares mostraram que mesmo se todos os produtos fossem liberados na água de forma simultânea, a contaminação não ultrapassaria os limites recomendados pelo Ministério da Saúde e ainda estariam próprias para o consumo humano.
Porém, até que isso seja atestado na prática – por meio de estudos de amostras da água em caso de vazamento – o abastecimento de água para a população teria que ser suspenso.
Abastecimento
Durante a reunião, o presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), Marco Aurélio Freitas, pediu que a retirada dos produtos seja realizada “com a maior brevidade possível”.
“É importante essa percepção do Ibama, mas é relevante para o estado do Maranhão, do Pará, do Tocantins, ver com a maior brevidade possível o resgate desses produtos. Cerca de 70% do nosso abastecimento é do Rio Tocantins a captação. Qualquer suspensão da captação nós temos que preparar com os órgãos federais e estadual de controle um plano emergencial de abastecimento da cidade”, disse.
Buscas
A Marinha e o corpo de Bombeiros dos estados realizam desde domingo buscas pelos desaparecidos que caíram no rio durante o desabamento da ponte. Até então, oito corpos já foram encontrados e nove seguem desaparecidos.
Na terça-feira (24), a Polícia Federal iniciou uma investigação para apurar as responsabilidades pela queda da ponte. As diligências são conduzidas pelas superintendências da PF no Maranhão e no Tocantins, com ajuda da perícia.
A única vítima resgatada com vida, até o momento, foi Jairo Silva Rodrigues, de 36 anos. Ele foi encontrado por populares com uma fratura na perna e levado ao Hospital Estreito, no Maranhão.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Queda de ponte: produtos químicos só serão retirados do rio após o fim das buscas por desparecidos no site CNN Brasil.