Arthur Zanetti surpreende ao anunciar aposentadoria: ‘É difícil dar um basta’

Arthur Zanetti, um dos maiores nomes da ginástica artística mundial, emocionou o público ao anunciar sua aposentadoria no domingo, 12 de janeiro. Aos 34 anos, o primeiro latino-americano campeão olímpico revelou o fim de sua carreira como atleta após 27 anos dedicados ao esporte.

Filho de Arthur Zanetti treina para seguir os passos do pai

“Chegou o ponto final na carreira de atleta. Por mim, eu continuava muito mais tempo, mas tem que ter um bom senso, tanto da mente quanto do corpo. Eu decidi, é difícil, dar um basta nessa parte de atleta porque queria, mas o corpo tá falando”, declarou Arthur ao “Esporte Espetacular”, da Globo.

A decisão veio após anos convivendo com lesões e desafios físicos. A cirurgia no braço esquerdo, realizada em maio de 2023, foi determinante para essa escolha. Apesar da recuperação, Zanetti sentiu que não conseguiria manter o mesmo nível competitivo. Ele ainda destacou o apoio recebido de sua família e do técnico Marcos Goto durante o processo.

Um novo capítulo na vida de Arthur Zanetti

Mesmo fora das competições, Arthur não se distanciará do universo da ginástica. Ele já começou a atuar como técnico em São Caetano do Sul, cidade onde treina desde os sete anos. Além disso, vem explorando outras funções, como arbitragem e comentários esportivos.

“Agora aposentado da ginástica, mas não longe da ginástica. Fui convidado aqui por São Caetano para começar a dar treino para escolinha. Era um dos meus objetivos ser treinador. Vai ser uma coisa nova pra mim, estou com muito medo, mas muito ansioso e feliz”, afirmou.

Ao longo de sua brilhante trajetória, Zanetti conquistou duas medalhas olímpicas, quatro em mundiais e seis em Jogos Pan-Americanos. Sua hegemonia entre 2012 e 2014 tornou Arthur conhecido como o “Rei das Argolas”.

“Isso não é um adeus. A ginástica me deu muito, e eu ainda sinto que posso contribuir com o esporte. É um novo começo pra mim”, concluiu o atleta.

Carta Aberta do ‘Rei das Argolas’

“Foram 27 anos da minha vida. Hoje, aos 34 anos de idade, ainda me sinto o mesmo garoto que se apaixonou pela ginástica aos 7 anos, no SERC Santa Maria, em São Caetano do Sul.

Aquele garoto de São Caetano do Sul jamais poderia imaginar o que estaria por vir. Foram quase três décadas dedicadas a treinos, competições, viagens. Aprendi desde cedo a me equilibrar nisso tudo. Cresci e alcancei um cenário que aquele garoto não tinha nem ferramentas para conseguir imaginá-lo. Mas só consegui subir com apoio de muitas pessoas, uma representação perfeita do aparelho da minha história, as argolas. Aquele empurrão antes do início de cada série, dado por tantos treinadores que passaram pela minha trajetória. A segurança de realizar o movimento lá em cima com alguém deixando claro que se eu caísse, haveria quem me acolhesse, levantasse e me fizesse recomeçar. Assim foram minha família e meus treinadores durante toda a minha trajetória, especialmente neste final, quando o corpo encontra os seus limites.

É difícil dizer adeus. Mas ter conquistado lugares antes jamais frequentados no esporte brasileiro me faz ter orgulho de mim, mesmo que isso tenha significado abdicar de muitas outras coisas ao longo desse período. Saber que, de alguma forma, pude contribuir para que novas gerações possam imaginar o que eu não pude na minha época, por falta de espelhos, é recompensador. Podemos ser medalhistas e campeões olímpicos, campeões mundiais e campeões dentro e fora do esporte. E esse é o meu próximo passo.

O ano foi difícil, não há como negar. Uma nova lesão tirou qualquer possibilidade de sonhar com uma terceira medalha olímpica. A frustração foi grande e carrego comigo. A força que faço toda vez que subo nas argolas não é capaz de esconder minhas vulnerabilidades como ser humano. Nos últimos três anos de carreira, foram cinco cirurgias que me afastaram da minha paixão, e o que mais doeu, nunca foi a dor física.

Determinar o fim da minha vida como atleta hoje passa longe de ser um ato de desistência, mas sim, um ato de respeito ao esporte que amo, ao meu corpo, à minha saúde e a todos que me apoiaram na minha trajetória. Espero que todos possam compartilhar comigo esse pensamento. O futuro ainda não sei como será, mas estarei próximo da ginástica. Tenho projetos pra me manter aqui, próximo ao esporte.

Felizmente fui abençoado com uma linda família. Jéssica e Liam são meu tudo e irei aproveitá-los ainda mais. Não há palavras pra descrever a alegria de tê-los ao meu lado, poder chamá-los de minha família. Ver o meu pequeno gigante, mesmo que em tom de brincadeira, repetindo alguns dos meus movimentos, é um sentimento que não cabe em mim.

Meus pais Roseane Nabarrete Zanetti e Archimedes Zanetti, sem vocês nada seria. Amor incondicional e que me manteve de pé em muitos momentos da minha vida. Meu irmão mais velho, Victor Nabarrete Zanetti, que me acolheu desde muito cedo, um verdadeiro exemplo, que tenho orgulho de ter seguido. E claro, minha vó, Neide Thomazzo. O que seria de nós sem o amor de vó? No início de tudo, era você que me levava até os treinos, me acompanhava nas competições e me mimava também. Se o amor tivesse uma forma, com certeza se espelharia no amor de vó.

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São tantas pessoas a agradecer nesse momento, que tenho medo de ser injusto ao citá-las nominalmente e esquecer alguém. Mas não posso deixar de falar de Marcos Goto. Esteve comigo durante anos, sobretudo na maior conquista da minha carreira, o ouro olímpico em Londres 2012. O primeiro ouro de um latino-americano em qualquer categoria da ginástica. Estar pra sempre gravado como campeão olímpico. O meu muito obrigado a você, Marcos. Você é símbolo dessa conquista.

Outro que não poderia esquecer neste momento é do meu empresário e grande amigo, Marcel Camilo. A jornada sem você seria mais difícil. Ainda teremos muito a compartilhar no futuro, Marcel, e eu não poderia ser mais grato por isso.

Foram 27 anos da minha vida dedicados a você, ginástica. E serão outras dezenas de anos ainda. Pode contar comigo.”

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Fonte: OFuxico

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