Um dia antes da audiência contra o ex-presidente da Bolívia Evo Morales por acusações de tráfico de pessoas, o governo relatou confrontos entre grupos aliados ao ex-presidente e a polícia no setor de Cochabamba. Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas, segundo as autoridades.
O ministro do governo boliviano, Eduardo del Castillo, disse em entrevista coletiva que “não é por acaso que hoje um grupo de pessoas da região do Trópico de Cochabamba está chegando com a única intenção de gerar agitação dentro do território nacional”. A autoridade disse que, de acordo com relatórios de inteligência da polícia boliviana, o objetivo da marcha é “gerar agitação na sede do governo”.
Segundo Del Castillo, policiais que viajavam do departamento de Potosí para o departamento de La Paz enfrentaram uma emboscada.
“Um grupo de pessoas, um grupo armado, começou a atirar contra a vida, a integridade, a humanidade e o talento humano de funcionários da Polícia Boliviana que estão apenas fazendo cumprir a Constituição do Estado, as leis vigentes e o que as autoridades determinam”, disse o ministro acrescentando que três policiais ficaram feridos.
Del Castillo também afirmou que “esse grupo de pessoas disparou pelo menos 10 tiros contra duas frotas que transportavam turistas da região de Uyuni”, o que deixou duas pessoas com machucados.
Do que Evo Morales é acusado?
Da Promotoria do Departamento de Tarija, a promotora Sandra Gutiérrez disse à Unitel na segunda-feira que apresentaram “a acusação formal pelo crime de tráfico de pessoas, é isso que queremos esclarecer (…) Contra duas pessoas, contra o senhor Juan Evo Morales e a Sra. Idelsa Pozo. Eles já foram devidamente notificados conforme estabelecido por nossas leis bolivianas.”
A investigação contra Morales começou em setembro de 2024 por supostamente ter tido um relacionamento amoroso com uma menor de idade em 2015, da qual “nasceu uma menina em janeiro de 2016”, informou a Agência Boliviana de Informação (ABI).
Por esse motivo, o Ministério Público também emitiu um mandado de prisão contra a mãe da então menor de idade, Idelsa Pozo Saavedra, pelo mesmo crime. A CNN está tentando determinar se Pozo tem representação legal e como ela está respondendo às alegações.
Em outubro de 2024, o ex-presidente foi intimado a depor, mas não compareceu à audiência. Posteriormente, em dezembro de 2024, Morales foi acusado criminalmente pelo crime de tráfico de pessoas agravado e um mandado de prisão e alerta de imigração foram emitidos contra ele para impedi-lo de deixar o país.
Morales disse que esta queixa é uma “guerra suja” que as autoridades teriam lançado contra ele para impedi-lo de concorrer à presidência novamente em 2025.
O promotor Gutiérrez descartou a possibilidade de que o caso tenha sido inventado ou tenha havido perseguição política. “Nós, como Ministério Público, investigamos objetivamente e há elementos suficientes de condenação”, disse ele à Unitel.
O que acontecerá na audiência de Evo Morales?
Nesta terça-feira (14), às 9h30 (no horário local), a Promotoria do Departamento de Tarija solicitará uma medida de “prisão preventiva” para Evo Morales por “risco de fuga”. Se Morales permanecerá na prisão ou não será determinado pelo juiz.
“Nós, como Ministério Público, estamos indo atrás disso, para comprovar com todas as provas que temos”, disse Gutierrez.
Se Evo Morales não comparecer à audiência, segundo a promotora Sandra Gutierrez, ele será declarado pessoa “em rebelião” e a justiça poderá emitir um novo mandado de prisão contra o ex-presidente.
A polícia boliviana disse à CNN que não fará mais nenhuma declaração além daquelas feitas pelo Ministro do Governo Eduardo del Castillo.
A CNN tentou entrar em contato com os representantes de Evo Morales para obter mais comentários, mas não recebeu resposta.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Bolívia: Ao menos 5 pessoas são feridas em confrontos antes de audiência de Evo Morales no site CNN Brasil.