Em reunião marcada para a tarde desta terça-feira (21/1) em Brasília, o Conselho Federal de Medicina (CFM) apresentará um documento à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que solicita o banimento do PMMA no Brasil.
O pedido do CFM se baseia no aumento do número de casos de complicações pelo uso do produto, “especialmente por não médicos”, destaca o conselho. Até o ano passado, o Conselho não se opunha ao uso, desde que feito por cirurgiões habilitados. O pedido de banimento marca uma mudança de posição do órgão.
O PMMA, ou polimetilmetacrilato, é usado em diversos procedimentos estéticos, mas pode se aderir aos tecidos após a aplicação, levando a uma série de complicações, como deformações irreversíveis, músculos necrosados e insuficiência renal, entre outros.
O PMMA é uma substância plástica que não pode ser absorvida ou totalmente retirada do organismo — por isso, a aplicação já não era recomendada pela Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas (SBCP) ou pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Usos no Brasil
A Anvisa mantinha a autorização de que o gel fosse usado em pessoas que sofreram deformações corporais decorrentes de doenças como a poliomielite e a aids, e com limites de aplicação muito claros.
Usando esta brecha, o PMMA segue sendo usado por médicos em procedimentos variados devido ao baixo custo quando comparado com outras substâncias, especialmente o ácido hialurônico.
Os riscos do PMMA
Em entrevista anterior ao Metrópoles, a cirurgiã plástica Maria Roberta Martins, representante da SBCP, explicou as complicações do uso da substância.
“Ele pode causar a formação de nódulos, inflamações, infecções e comprometer o sistema vascular, tudo em resultados indesejados e irreversíveis. Também podem ocorrer complicações mais graves, como a insuficiência renal e até o óbito pelo uso do produto”, detalhou.
Além dos riscos potenciais, o preenchedor tem uma complicação extra: não é fácil removê-lo uma vez que se integra ao tecido do paciente. É preciso cirurgia para retirar o PMMA, mas raras vezes o produto é removido por inteiro, pois pode causar deformações ainda mais graves. “É um procedimento complexo em que temos que fazer remoções parciais para minimizar os danos”, indica a cirurgiã.
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Fonte: Metrópoles