Como presidente, Lira acumulou poder sobre emendas e fez sucessor

Como presidente, Lira acumulou poder sobre emendas e fez sucessor

Depois de quatro anos, o atual presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), de 55 anos, deixará no sábado (1°) o comando da Casa. Com gestão considerada centralizadora, o parlamentar teve destaque nos governos de Jair Bolsonaro (PL) e de Lula (PT) como defensor e garantidor das emendas parlamentares.

Foi negociando a liberação de emendas que Lira se consolidou como um dos presidentes da Câmara mais influentes da história recente da política.

No governo de Bolsonaro, foi o responsável pela operação do chamado orçamento secreto, que envolveu o pagamento de recursos sob o carimbo genérico de “emendas de relator”.

Essa atuação foi o que lhe garantiu uma reeleição com placar recorde para a presidência da Câmara, em 2023, com 464 votos e o apoio de 20 bancadas. Antes, no primeiro mandato para o cargo, Lira foi eleito com 302 votos, em 2021.

Na presidência, Lira trouxe protagonismo para partidos de centro.

Nesta semana, em jantar com a bancada paulista e o seu provável sucessor, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), Lira ressaltou que o Centrão é “o equilíbrio de, muitas vezes, momentos de grande tensionamento”.

Como presidente, Lira também se destacou por “tratorar” votações, perfil que consolidou a fama de leal cumpridor de acordos.

Entre os compromissos cumpridos, está a aprovação e a regulamentação da reforma tributária sobre o consumo – feito sempre enaltecido por Lira quando fala sobre o tema.

No plenário, Lira conduziu sessões à luz da sua interpretação do regimento interno da Casa com pautas definidas, às vezes, poucas horas antes do início das votações.

Deliberações relâmpago, itens extrapauta, grupos de trabalho e regimes de urgência em prol de tramitações aceleradas foram algumas das marcas da sua gestão.

Foi assim que garantiu a aprovação de projetos importantes para a equipe econômica.

Ao Executivo, Lira viabilizou aprovações que vão desde a PEC dos precatórios, no governo Bolsonaro, até os textos patrocinados pelo ministro Fernanda Haddad (Fazenda) na atual gestão petista, como a PEC da transição, o arcabouço fiscal, a taxação de recursos offshores e o recente pacote de ajuste fiscal.

A chegada de Lira ao cargo mais alto na Câmara foi precedida do seu destaque na liderança da bancada do PP e no comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), em 2015, e da Comissão Mista de Orçamento (CMO), em 2016.

Além disso, é integrante da bancada ruralista e um dos maiores defensores dos interesses grupo.

Sucessor encaminhado

Em seu quarto mandato, Lira deixará a presidência da Câmara depois de consolidar endosso para o seu sucessor escolhido, o deputado Hugo Motta, que reúne o apoio de quase todas as bancadas da Casa representando 495 deputados no total.

Apenas o Novo e o PSOL não oficializaram apoio.

Motta e Lira chegaram juntos a Brasília em 2011, depois de saírem vitoriosos das eleições para deputado federal em 2010.

Ambos desempenham o quarto mandato na Casa. Em comum, têm o histórico de tradição familiar na política em redutos nordestinos e a filiação a partidos de centro.

Para se tornar o franco favorito na disputa, Motta repetiu a receita de articulações e a formação de uma frente ampla, como Lira fez em 2023.

A votação, no entanto, é secreta e mesmo com o apoio formal de quase todas bancadas, os votos de todos os integrantes das siglas não são garantidos.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Como presidente, Lira acumulou poder sobre emendas e fez sucessor no site CNN Brasil.


Fonte: CNN