As contas externas do país tiveram déficit de US$ 55,97 bilhões no acumulado de 2024, informou nesta sexta-feira (24/1) o Banco Central (BC). Em relação a 2023, o resultado mais que dobrou, quando registrou saldo negativo de US$ 24,5 bilhões.
Este é o maior rombo anual desde 2019, quando o déficit somou US$ 65 bilhões. A série histórica começou em 1995.
Entenda as contas externas:
- As contas externas (transações correntes) são um dos principais indicadores sobre o setor externo do Brasil.
- O resultado das transações correntes é formado pelo balanço de pagamentos da compra e venda de mercadorias, balança de serviços e as transferências unilaterais.
- Um saldo negativo (déficit) nas contas externas significa que o país enviou mais dinheiro para o exterior do que recebeu. Enquanto um saldo positivo (superávit) indica que o Brasil recebeu mais dinheiro do que transferiu para outros países.
- Em dezembro de 2024, as transações correntes foram deficitárias em US$ 9 bilhões, frente a um déficit de US$ 5,6 bilhões em dezembro de 2023.
- No acumulado do ano, o saldo negativo das contas externas somou quase US$ 56 bilhões — o equivalente a 2,55% do Produto Interno Bruto (PIB).
- Em 2023, o resultado das transações correntes foi de US$ 24,5 bilhões (ou 1,12% do PIB).
Para o cálculo mensal das transações correntes, o Banco Central considera o saldo da balança comercial (diferença entre os valores das importações e das exportações), os serviços e movimentação de renda para outros países.
Em 2024, a balança comercial de bens foi superavitária em US$ 66,2 bilhões — uma redução de 28,2% em relação a 2023, somando US$ 92,28 bilhões. Segundo o BC:
- As exportações somaram US$ 339,8 bilhões; e
- As importações totalizaram US$ 273,6 bilhões.
No acumulado do ano passado, o déficit em serviços foi de US$ 49,7 bilhões — o que representa um aumento de 24,7% frente ao déficit computado em 2023, de US$ 39,9 bilhões.
Os destaques vão para os aumentos das despesas líquidas de:
- Serviços de propriedade intelectual, que somou US$ 3,2 bilhões;
- Transportes, que totalizou US$ 2,4 bilhões;
- Serviços de telecomunicação, computação e informações, que foi de US$ 1,5 bilhão; e
- Aluguel de equipamentos, que gastou US$ 1,4 bilhão.
Por outro lado, a receita líquida de outros serviços de negócio recuou US$ 1,7 bilhão em 2024.
A renda primária teve déficit de US$ 75,4 bilhões — 5,1% inferior ao saldo negativo de US$ 79,49 bilhões anotado em 2023.
O investimento estrangeiro direto na economia brasileira avançou 13,8% em 2024, de acordo com informações do BC. Os estrangeiros aplicaram US$ 71,1 bilhões em investimentos no ano passado (3,24% do PIB), contra US$ 62,4 bilhões (2,85% do PIB) em 2023.
Com isso, o déficit nas contas externas do país foi compensado pela entrada de investimento estrangeiro.
Fonte: Metrópoles