O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu, nesta quinta-feira (30), uma entrevista coletiva a jornalistas no Palácio do Planalto.
No primeiro encontro com a imprensa em 2025, Lula falou sobre as críticas de Gilberto Kassab a Fernando Haddad, o aumento nos preços dos alimentos, o reajuste na taxa básica de juros e muito mais. Veja abaixo os principais destaques:
Críticas de Kassab
Lula respondeu às críticas feitas pelo presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ontem, Kassab afirmou que a possibilidade de Lula se reeleger em 2026 “não é fácil”, além de classificar Haddad como “fraco”.
“Quando eu vi a história do companheiro Kassab, comecei a rir, porque, como ele disse, se a eleição fosse hoje, eu perderia. Olhei o calendário e vi que, como a eleição é daqui quase dois anos, eu fiquei despreocupado”, destacou Lula.
Taxa de juros
O presidente declarou que o aumento dos juros e da Selic não foi “surpresa”.
“Já esperava por isso, não é surpresa para mim”, opinou durante a conversa com jornalistas no Planalto.
Na última quarta-feira (29), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, elevar os juros em um ponto percentual, subindo a Selic ao patamar de 13,25% e marcando a estreia de Gabriel Galípolo na autoridade monetária.
“Para derrotar meu governo, vai ter que aprender a fazer luta na rua”
O presidente voltou a criticar a disseminação de fake news relacionadas ao governo. Para ele, que é “fácil” disseminar mentiras na internet e “difícil ter coragem” para ir às ruas conversar com a população.
“Quem quiser derrotar a política do meu governo, vai ter que aprender a fazer luta de rua, porque é mais fácil na internet, mentindo. Agora, é muito difícil ter coragem de ir à rua conversar com o povo e discutir com o povo as coisas que estão acontecendo no país. Esse é meu tipo de governar e fazer com que as coisas deem certo no Brasil”, continuou Lula.
Preço do diesel
Lula negou ter autorizado o aumento do diesel e que a competência sobre o tema é da Petrobras. Ele também disse não ter preocupação com um possível movimento de caminhoneiros por causa da alta do preço dos combustíveis.
“Eu não autorizei o aumento do diesel. Porque, desde o meu primeiro mandato, que eu aprendi que quem autoriza o aumento do petróleo e derivados de petróleo é a Petrobras e não o presidente da República. […] Se ela [Petrobras] fizer reajuste, ainda será menor do que dezembro de 2022”, pontuou em entrevista a jornalista no Palácio do Planalto.
Cobrança
O chefe do Executivo mencionou que o povo tem “razão” e que não há como a população falar bem do Executivo se o governo “não está entregando”. Ele, no entanto, minimizou as pesquisas eleitorais e disse ser “muito cedo” para avaliar a gestão.
“Eu dizia ao [ex-ministro Paulo] Pimenta, não se preocupe com pesquisa. Porque o povo tem razão, a gente não está entregando aquilo que a gente prometeu. Então, como o povo vai falar bem do governo se a gente não está entregando? É preciso ter muita paciência”, ressaltou.
Trump e taxação
“É muito simples, se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são exportados para os Estados Unidos. Simples”, disse Lula.
A fala de Lula diz respeito a uma determinação de Trump, no dia 20 de janeiro, quando afirmou que cobrará e taxará outras nações para enriquecer os EUA, prometendo uma revisão do sistema comercial.
Gleisi Hoffmann
Lula elogiou a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), mas que ainda não há definição para que a parlamentar assuma uma pasta na Esplanada dos Ministérios.
“Gleisi já foi da Casa Civil da Dilma. Eu estava preso e fui um dos responsáveis para que ela virasse presidente do PT. Ela é um quadro muito refinado. Politicamente, tem pouca gente nesse país mais refinado que a Gleisi. O pessoal fala: ah, mas ela é muito radical para ser presidente do PT. Ora, para ser presidente do PT, ela tem que falar a linguagem do PT. Se ela não tivesse assim, que ela fosse para o PSDB”, revelou.
Rodrigo Pacheco
Ao ser questionado sobre a possibilidade do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se tornarem ministros, Lula afirmou ter o desejo de que Pacheco seja governador de Minas Gerais.
“Se eu pudesse falar [sobre Lira e Pacheco assumirem ministérios], eu falaria. Mas o que eu quero é que o Pacheco seja governador de Minas Gerais”, comentou.
Preço dos alimentos
O presidente declarou que não fará nenhuma “bravata” para reduzir o preço dos alimentos. Segundo ele, essa redução virá com a melhora nas condições da produção agrícola, feita majoritariamente pelos pequenos e médios agricultores.
“Eu não tomarei nenhuma medida daquelas que são bravata. Não farei cota, não colocarei helicóptero para viajar fazenda e prender boi, como foi feito no tempo do plano cruzado. Não vou estabelecer nada que possa significar o surgimento de mercado paralelo”, opinou o presidente.
Emendas
O mandatário defendeu um acordo definitivo sobre as emendas parlamentares negociado entre a Câmara dos Deputados e o Executivo. E que os recursos devem ser direcionados para projetos de interesse do país.
“O governo não tem nada a ver com as emendas parlamentares. Foi uma conquista deles em um governo irresponsável que não governava o país. Então elas existem e nós estamos agora com decisões da Suprema Corte, do ministro Flávio Dino, e vamos negociar para ver se coloca um acordo definitivo entre a Câmara e o Poder Executivo”, destacou.
Isenção do Imposto de Renda
Lula afirmou que o projeto para isentar o Imposto de Renda (IR), de quem recebe até R$ 5 mil por mês, será enviado ao Congresso Nacional em breve. Segundo ele, a proposta está “preparada”, mas ainda precisa de ajustes antes do envio.
“Está preparando para a gente mandar para o Congresso. Tem apenas um ajuste que é: todas as vezes que vamos tirar uma coisa, tem que ter uma compensação. Está sendo feito o ajuste”, disse.
“Irresponsabilidade fiscal”
O chefe do Executivo pontuou que o governo tem responsabilidade fiscal e descartou, no momento, novas medidas para tentar conter o déficit público.
“Neste governo, não haverá irresponsabilidade fiscal. Não tenho que discutir o que meia dúzia das pessoas querem, tenho que discutir aquilo que interessa a maioria das pessoas”, concluiu.
Este conteúdo foi originalmente publicado em De Kassab a preço dos alimentos: veja o que disse Lula em coletiva no site CNN Brasil.
Fonte: CNN