Dois anos do 8 de janeiro: saiba onde estão seis personagens marcantes dos atos golpistas

Dos seis personagens mais emblemáticos do 8 de janeiro, quatro estão presos e outros dois em liberdade provisória com tornozeleira eletrônica. Entre eles estão a mulher que pichou a Estátua da Justiça; a que defecou no Supremo; o homem que quebrou o relógio de Dom João VI, no Planalto; e o que roubou uma toga dos ministros do STF.

Entre os que estão presos, apenas dois cumprem a pena definitiva, em regime fechado. É o caso de Maria de Fátima Mendonça, conhecida como Fátima Tubarão, que cumpre pena em Criciúma, Santa Catarina.

Fátima Tubarão defecou no gabinete do ministro Alexandre de Moraes durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — Foto: Reprodução

A idosa, que na época da invasão tinha 67 anos, recebeu a maior pena: 17 anos de prisão, pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado. Foi aquela que defecou no gabinete do ministro Alexandre de Moraes e, em vídeos, provocou o ministro.

“Tá quebrando tudo… quebrando tudo e cagando nessa bosta aqui. Cagou lá no banheiro e fez uma sujeira lá, isso dona Fátima, Deus abençoe. Vamos para guerra, é guerra. Vamos pegar o Xandão agora”

 

Quem também cumpre a pena definitiva é Antônio Cláudio Alves Ferreira – aquele que quebrou o relógio trazido por Dom João VI em 1808, e que estava exposto no Palácio do Planalto. Ele também foi condenado a 17 anos de prisão pelos mesmos crimes e, desde dezembro, cumpre a pena definitiva, em Uberlândia.

Antônio Cláudio Alves Ferreira quebrou o relógio trazido por Dom João VI durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — Foto: Reprodução

O ex-ministro do STF, Ayres Britto, diz que o Supremo age como guardião da constituição e comprova que a democracia não foi abalada com os atos.

“Ficou nitidamente comprovado que foi uma tentativa de golpe à democracia. Atentar contra a democracia já é consumar o crime, porque, se a democracia sucumbe, nada mais a ser apurado com a queda dela. E o guardião maior da constituição é o Supremo Tribunal Federal, de uma constituição que fez da democracia o princípio dos princípios substantivamente”

 

Outra personagem de destaque é Débora Rodrigues dos Santos, que pichou a Estátua da Justiça com batom e escreveu: “perdeu, mané”. Débora ainda não foi julgada pelo STF, mas foi denunciada e virou ré. Ela está presa desde março de 2023, em Tremembé, São Paulo.

Débora Rodrigues dos Santos pichou a Estátua da Justiça durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — Foto: Reprodução e Joedson Alvez/Agência Brasil

Já Ana Priscila Silva de Azevedo, apontada como uma das organizadoras dos atos golpistas, foi condenada a 17 anos de prisão, mas ainda aguarda a análise dos recursos numa prisão em Brasília.

Ana Priscila Silva de Azevedo, apontada como uma das organizadoras dos atos golpistas — Foto: Reprodução

No dia dos ataques, ela filmou a viatura da Polícia Legislativa caída no espelho d’água em frente ao Congresso e falou em “colapsar o sistema” e “tomar o poder de assalto”.

“Aqui é a casa do povo, p… chora petista. Isso aqui não é golpe, é um contra golpe, que vocês são golpistas, bando de vagabundo. Uh, é tudo nosso”

 

Outros dois personagens emblemáticos respondem ao processo em liberdade. Marcelo Fernandes Lima roubou do Supremo uma réplica da Constituição Federal e William da Silva Lima roubou uma toga dos ministros do STF.

Marcelo Fernandes Lima e William da Silva Lima são réus pelos atos golpistas de 8 de janeiro — Foto: Reprodução e divulgação

Os dois são réus, chegaram a ser presos, mas conseguiram liberdade provisória e são monitorados com tornozeleira eletrônica. O julgamento de Marcelo já começou no plenário virtual e vai até fevereiro. Até agora, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin votaram pela condenação. William da Silva ainda aguarda julgamento.

Até o momento, 371 pessoas foram condenadas por participação nos atos golpistas, a grande maioria por crimes com penas menores – como o de incitação ao golpe. São 155 presos, sendo 70 definitivos. Sete estão em prisão domiciliar.

Ao todo, cinco pessoas foram absolvidas, sendo quatro em situação de rua. A Procuradoria Geral da República (PGR) fechou acordos com 527 pessoas envolvidas nos atos.