Com o mercado financeiro agitado e esperando mais estabilidade política e medidas fiscais robustas, o dólar segue acima da casa dos R$ 6 desde o fim de novembro de 2024. A moeda norte-americana não dá sinais que vai embalar uma eventual queda tão cedo.
Cenário do dólar no Brasil:
- Dólar está acima dos R$ 6 desde 29 de novembro de 2024 – um dia após o governo federal detalhar o pacote fiscal.
- A maior marca atingida durante um pregão ocorreu em 19 de dezembro, quando atingiu os R$ 6,30.
- O maior fechamento da história do dólar foi de R$ 6,26, em 18 de dezembro de 2024.
- Na semana passada, o dólar acumulou queda de 1,26%. A moeda norte-americana encerrou a última sexta-feira (10/1) em alta de 1%, cotada a R$ 6,10.
- Para o mercado financeiro, o dólar fechará o ano de 2025 cotado na casa dos R$ 6.
Especialistas ouvidos pelo Metrópoles acreditam que, para o dólar ficar abaixo dos R$ 6, o governo federal precisa apresentar medidas que fortaleçam a economia e, consequentemente, aumentar a confiança dos investidores.
Segundo os economistas, o foco deve ser no fiscal e na condução da política monetária. Dessa forma, adotar um controle mais rígido nos gastos públicos, mostrando comprometimento para reverter a trajetória da dívida pública e diminuir o déficit do país.
Com a demora do governo federal em anunciar o prometido pacote de revisão de gastos públicos, a moeda norte-americana começou a avançar com força, em uma clara respota do mercado financeiro. Demorou quase um mês para o governo Lula detalhar o pacote fiscal. No dia do detalhamento, em 28 de novembro, o dólar chegou perto dos R$ 6, mas fechou o dia a R$ 5,99.
Mesmo com o anúncio de economia de cerca de R$ 71 bilhões nos próximos dois anos, a notícia não pegou bem entre os investidores. Isso porque o governo decidiu combinar o anúncio do pacote fiscal com a futura reforma da renda, que visa isentar o pagamento do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil por mês.
No dia seguinte, em 29 de novembro de 2024, o dólar fechou em sessão acima dos R$ 6 pela primeira vez na história.
O que dizem os especialistas
Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, diz que as mudanças são bastante complexas, principalmente devido ao cenário internacional. Uma das preocupações é a nova presidência dos Estados Unidos (EUA). O republicano Donald Trump vem prometendo impor políticas de taxação mais duras, que vem impactando o câmbio no mundo.
“Para que o dólar diminua substancialmente, será necessário observar como essas medidas serão implementadas pelo governo Trump e avaliar sua efetividade”, explica.
Eyng acredita que o recuo da moeda norte-americana não ocorrerá tão cedo. Segundo ele, esse processo deve ocorrer até o fim do primeiro semestre de 2025.
Ele entende que, caso o governo adote medidas mais concretas, “é possível que o real recupere parte desse terreno perdido”. “Devido à desvalorização mais acentuada, o real tem espaço para se valorizar, mesmo diante de um cenário externo desafiador”, diz.
Para Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, a política monetária deve ser conduzida com equilíbrio, sem sufocar o crescimento econômico. Ele destaca que intervenções pontuais do Banco Central (BC) no mercado de câmbio “ajudam a controlar a volatilidade, mas não substituem políticas estruturais”.
“Com ações coordenadas e sinais claros de responsabilidade fiscal, há espaço para uma valorização sustentável da moeda brasileira.”
Na visão de André Matos, CEO da MA7 Negócios, o “antídoto” para a desvalorização do dólar frente ao real está nos juros. Atualmente, a taxa básica de juros (a Selic) está em 12,25% ao ano e o BC já adiantou duas novas elevações.
Contudo, Matos alerta para a adoção de medidas emergenciais. “Medidas muito emergenciais e agressivas podem resolver um problema, mas causar outros impactos negativos”, afirma. “É um momento de prudência, mas há possibilidades e estratégias que podem ser adotadas”, completa.
Fonte: Metrópoles