Entenda por que Correios é a estatal com maior déficit em 2024

Entenda por que Correios é a estatal com maior déficit em 2024

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) foi a empresa estatal federal que registrou o maior déficit em 2024, segundo a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais. O resultado primário da empresa ficou negativo em R$ 3,2 bilhões.

Balanço divulgado nesta quinta-feira (30/1) pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos aponta que o déficit primário somado das 20 empresas estatais federais ficou em R$ 4,04 bilhões em 2024.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano passado autorizou um déficit de R$ 7,3 bilhões ao longo do exercício. A LDO também autorizou a exclusão do cálculo do déficit os investimentos em ações do PAC (que foram em torno de R$ 1,9 bilhão no período) e os resultados primários dos grupos ENBPar (que registrou déficit de R$ 463,13 milhões) e Petrobras (que, sozinha, registrou superávit primário de R$ 45,2 bilhões).

Sem descontar essas exceções, o déficit ficou em R$ 6,3 bilhões e, portanto, o resultado dos Correios (- R$ 3,2 bilhões) representa 50% do resultado total.

“Prejuízo é um dado de preocupação. Então, os Correios terem prejuízo nos preocupa”, afirmou a secretária de Coordenação das Estatais , Elisa Leonel. “O caso dos Correios é um caso que demanda nossa atenção. O governo tem se debruçado para discutir medidas de sustentabilidade”, completou.


Entenda a situação dos Correios

  • Em 2024, Correios respondeu pela maior parte do déficit geral das empresas estatais, com resultado negativo em R$ 3,2 bilhões.
  • Apesar do rombo, a quebra de monopólio estatal ou a desestatização da empresa não estão em debate no governo Lula (PT).
  • Além do déficit, a empresa também deve encerrar 2024 com prejuízo. Segundo balanço do 3º trimestre do ano passado, o prejuízo estava em R$ 2,1 bilhões.
  • Governo debate alternativas de aumento de receitas, como projetos já estavam em debate e foram sendo abandonados. É o caso, por exemplo, de parcerias com empresas privadas de market place que foram encerrados e estão sendo retomados.

Na quarta-feira (29/1), houve uma reunião dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Esther Dweck (Gestão) com o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, para que a empresa apresentasse um panorama das novas oportunidades.

A secretária Elisa Leonel salientou que os Correios têm dívidas contratadas, pagas com caixa próprio, e frisou também que o serviço postal enfrenta crise a nível mundial.

“Os debates apontam para grandes alternativas para aumento de receitas que foram abandonadas pelo governo anterior na lógica de privatização dos Correios”, disse ela, que explicou que os projetos de negócios acessórios já estavam em debate e foram abandonados. “Não vou citar exemplos de projetos, mas os contratos parcerias com as empresas privadas de market place foram todos encerrados. Eles estão sendo retomados”, exemplificou.

E as outras empresas?

Além dos Correios, outras três empresas deverão ter prejuízo contábil em 2024: a Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), a Companhia Docas Do Rio Grande do Norte (CODERN) e a Infraero.

Também está em discussão a remodelagem e redirecionamento de negócios da Infraero e da Casa da Moeda, que são outras empresas que têm gerado preocupação. No caso da Casa da Moeda, ela é ponto de atenção na linha dos Correios, por ser um setor em declínio.

Na outra ponta, entre as estatais que devem registrar lucro, estão as duas empresas de tecnologia da informação (TI), a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) e o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).

Dataprev e Serpro acumularam, respectivamente, lucros líquidos de R$ 426 milhões e R$ 385 milhões até o terceiro trimestre de 2024, apesar de ambas registrarem déficit orçamentário.

Freio nos planos de privatização

O freio nos planos de privatização de estatais iniciados no governo de Jair Bolsonaro (PL) foi puxado pelo governo de Lula ainda no início de 2023.

Além dos Correios, o governo petista tirou do Programa Nacional de Desestatização (PND) estatais como Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a Dataprev e o Serpro. A ação está alinhada com outras iniciativas realizadas nas primeiras semanas de governo, como a interrupção de estudos sobre a privatização da Petrobras, maior empresa pública do país.

Bandeira histórica do PT, o veto às privatizações tem sido defendido por Lula desde a campanha eleitoral do ano passado, quando o então candidato chegou a advogar pela reversão da venda das ações da Eletrobras – plano que até agora não foi posto em prática.


Fonte: Metrópoles