Entenda qual é o impacto da decisão de Trump de retirar os EUA da OMS

Entenda qual é o impacto da decisão de Trump de retirar os EUA da OMS

Uma das primeiras medidas do presidente Donald Trump para o segundo mandato foi anunciar a saída dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde (OMS). O documento foi assinado nessa segunda-feira (20/1): o país deixará a instituição em 12 meses e interromperá todas as contribuições financeiras.

“Oh! Essa é grande”, exclamou Trump ao pegar a pasta para assinatura do decreto no Salão Oval. O presidente anunciou uma pausa na assistência à OMS por 90 dias, enquanto aguarda uma revisão da medida.

Maior financiador da OMS

O país é o maior doador da agência de saúde pública da União das Nações Unidas (ONU), contribuindo com cerca de 18% do financiamento geral. Especialistas temem que a decisão prejudique a capacidade da OMS de combater doenças e responder a emergências, como futuras pandemias, mas lembram que os EUA não atuam sozinhos.

“O mundo ficou mais vulnerável, a ameaça é maior. Essa posição negacionista ameaça a todos. Mas precisamos aguardar para ver como as agências de saúde, os governadores dos EUA e os principais blocos políticos do mundo vão reagir a essa iniciativa”, considera o presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Romulo Paes, que também é pesquisador da Fiocruz.

Para Paes, a decisão de Trump não surpreende. Ela está alinhada aos discursos de campanha e à ideologia do novo Secretário da Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr. O político é conhecido pelo posicionamento antivacina e direitos reprodutivos.

Trump argumenta que a OMS exige “pagamentos injustamente onerosos” dos Estados Unidos e reclamou que a China paga menos. O orçamento de dois anos da agência (para 2024-2025) foi de US$ 6,8 bilhões. No período, os EUA financiaram 75% do programa da agência para HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis e mais da metade das contribuições para combater a tuberculose, segundo dados da instituição.

Além disso, o presidente citou “má gestão da pandemia da Covid-19” pela OMS e a “falha em adotar reformas urgentemente necessárias”.

A OMS lamentou a decisão por meio de um comunicado publicado na manhã desta terça-feira (21/1) e disse esperar que a ação seja reconsiderada.

“A OMS desempenha um papel crucial na proteção da saúde e da segurança das pessoas no mundo, incluindo os americanos, abordando as causas básicas das doenças, construindo sistemas de saúde mais fortes e detectando, prevenindo e respondendo a emergências de saúde, incluindo surtos de doenças, muitas vezes em lugares perigosos onde outras pessoas não podem ir”, diz a nota.

A virologista Clarissa Damaso, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), considera o anúncio de Trump uma infelicidade. “A decisão é ignorante e uma lástima. Toda e qualquer nação que saia da OMS desequilibra a ação da organização que, como o nome diz, é mundial”, afirma.

Membro fundador

Os Estados Unidos foram um dos membros fundadores da OMS, em 1948. Desde então, o país tem participado da formação e governança do trabalho da agência da ONU.

“Por mais de sete décadas, a OMS e os EUA salvaram inúmeras vidas e protegeram os americanos e todas as pessoas de ameaças à saúde. Juntos, acabamos com a varíola e, juntos, levamos a poliomielite à beira da erradicação. As instituições americanas contribuíram e se beneficiaram da filiação à OMS”, lembrou a agência.

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Fonte: Metrópoles