Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foi nomeado secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação em São José (SC), na região metropolitana de Florianópolis. O anúncio foi feito pela prefeitura local, administrada por Orvino Coelho (PSD), na terça-feira (7).
Vasques passou um ano preso no Complexo da Papuda, em Brasília, por supostamente tentar interferir no segundo turno da eleição presidencial de 2022. Ele foi solto após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em agosto de 2024.
Segundo a Polícia Federal (PF), ele teria “direcionado recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores no dia 30 de outubro de 2022”.
A defesa do ex-diretor da PRF argumentou à época que a acusação de bloqueio de estradas por preferência política não existe no Código Penal e, por essa razão, a conduta não é passível de punição.
Quem é Silvinei Vasques
Natural de Ivaiporã, Paraná, Vasques, que pertence aos quadros da PRF desde 1995, exerceu atividades de gerência e comando em diversas áreas do órgão. Ele foi superintendente nos estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro, e atuou como coordenador-geral de Operações.
Também exerceu os cargos de Secretário Municipal de Segurança Pública e de Transportes no Município de São José, em Santa Catarina, entre os anos de 2007 e 2008.
Em abril de 2021, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele foi nomeado diretor-geral da PRF.
De acordo com seu currículo, disponível no site do Governo Federal à época, o ex-diretor-geral é graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali); em Segurança Pública pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul); e em Administração de Empresas pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC).
Em 25 de novembro de 2022, Vasques se tornou réu por improbidade administrativa, após ser acusado de uso indevido do cargo que ocupava, bem como de símbolos e imagem da instituição policial durante as eleições presidenciais.
Em dezembro, Vasques foi dispensado do cargo e, no mesmo mês, a PRF concedeu aposentadoria voluntária ao ex-diretor-geral, então com 47 anos.
Depoente na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, Silvinei se defendeu das acusações de interferência na disputa presidencial e negou qualquer irregularidade nas blitze realizadas pela PRF. Ele ainda admitiu ser alvo de processo por improbidade administrativa no Rio de Janeiro.
Ao ser questionado pela relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), Silvinei afirmou que tinha “total autonomia na PRF”. Na ocasião, ele disse ter nomeado os membros de sua equipe sem sofrer interferência.
Silvinei ainda negou ter utilizado o cargo para beneficiar Bolsonaro durante as eleições presidenciais do ano passado.
Pedido de voto em Bolsonaro
No sábado anterior ao segundo turno das eleições presidenciais, Vasques publicou em seu Instagram uma imagem com a foto da bandeira do Brasil e escreveu: “Vote 22, Bolsonaro presidente”. A publicação foi apagada horas depois.
Agressão a frentista
Vasques foi alvo de processo interno da PRF que recomendou a sua expulsão da corporação por agressão a um frentista de um posto de gasolina. A expulsão só não ocorreu porque o caso prescreveu, revelam documentos obtidos pela CNN.
O episódio ocorreu no município de Cristalina, em Goiás. No dia 17 de outubro de 2000, o frentista Gabriel de Carvalho Rezende registrou boletim de ocorrência relatando ter sido agredido com socos e chutes por Vasques.
Segundo o frentista, a agressão foi iniciada após Vasques ser informado que o posto não tinha o serviço de lavagem de carros.
*Com informações de Débora Bergamasco, Gabriela Prado e Jussara Soares, da CNN, em Brasília
Este conteúdo foi originalmente publicado em Ex-diretor da PRF preso por suspeita de interferência nas eleições será secretário em SC no site CNN Brasil.