O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou em entrevista à CNN na noite deste sábado (11), que o ataque ao assentamento Olga Benário do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que deixou dois mortos e seis feridos, em Tremembé, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, foi realizado pelo crime organizado.
Segundo o ministro, a motivação foi um lote, envolvido na reforma agrária e utilizado pelo movimento, que era cobiçado por criminosos.
“Um dos lotes virou uma cobiça do crime organizado, que queria aquele lote para si, e na supervisão ocupacional colocou aquele lote para ser usado por uma agricultora, e eles, então, queriam utilizar aquilo para prática de crimes”, disse.
Teixeira também afirmou que não tinha conhecimento das ameças. Ele cita uma carta que teria recebido de um dos líderes do MST, Valdir do Nascimento, 52, conhecido como Valdirzão, que é um dos homens assassinados nesta sexta-feira (10).
“Tenho manifestações escritas desse líder, Valdirzão, que estava muito feliz pela supervisão ocupacional. Ele até diz: ‘Todos os nossos assentados estão dentro de seus lotes’. Não tínhamos conhecimento de ameaça. Temos um sistema, que toda liderança que é ameaçada, a gente aciona a Polícia Federal, aciona as polícias estaduais e todos os programas de proteção. Inclusive, tenho uma carta desse líder muito afetuosa, feliz pelo resultado do processo de supervisão”, afirmou.
O ministro, que foi enviado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para acompanhar as investigações da Polícia Federal (PF) sobre o caso, afirmou que o governo busca uma “punição exemplar” para os suspeitos.
“Trouxemos aqui nossa solidariedade às famílias. Queremos a punição exemplar dos autores desse crime”, salientou.
Como noticiado pela CNN, o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou neste sábado que a PF instaure um inquérito para investigar o ataque.
No ofício enviado à PF, o ministro em exercício, Manoel Carlos de Almeida Neto, cita a violação a direitos humanos. De acordo com a pasta, uma equipe da PF, com agentes, perito e papiloscopista foi deslocada para o local.
O ataque
O ataque deixou duas pessoas mortas e outras seis feridas. Gleison Barbosa, de 28 anos, e Valdir do Nascimento, conhecido como Valdirzão, de 52, morreram no local. Anteriormente, o MST havia informado que o ataque ocasionou três mortes, sendo uma delas após um período de internação. Mais tarde, o Movimento recuou, destacando o total de duas vítimas fatais. As demais vítimas foram hospitalizadas no Hospital Regional de Taubaté e no Pronto Socorro de Tremembé.
De acordo com o MST, 10 criminosos entraram no Assentamento Olga Benário com cinco carros e duas motos, atirando contra os assentados. Um homem foi abordado no local e preso em flagrante por porte ilegal da arma, informou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).
Em nota, o MST afirma que “o local enfrenta uma intensa disputa com a especulação imobiliária voltada para o turismo de lazer, devido à sua localização estratégica na região do Vale do Paraíba”.
O movimento informou também que as famílias assentadas sofrem ameaças constantes, mesmo após denúncias às autoridades.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Ministro diz à CNN que ataques ao MST têm relação com crime organizado no site CNN Brasil.