O poder da desinformação: brasileiros contam por que passaram a evitar o uso do Pix

A entrada em vigor de uma norma para ampliar o monitoramento da movimentação de grandes quantias pela Receita Federal foi engolida por uma onda de notícias falsas nas redes sociais que deixaram na cabeça dos brasileiros dúvidas sobre um dos mais populares instrumentos financeiros do país atualmente: o Pix.

Entre as principais fake news difundidas está a de que a medida significaria uma cobrança de imposto sobre as transações do sistema de transferências instantâneas do Banco Central (BC) ou que haveria violação do sigilo bancário para ampliar o alcance da malha fina do Imposto de Renda de pessoas de baixa renda ou informais.

Além das fake news, golpistas aproveitaram o momento para tentar tirar dinheiro de quem usa o Pix. O governo federal já anunciou que pretende acionar a Justiça contra o que chamou de criminosos.

O número de transações do Pix registrou, nos primeiros dias de janeiro, a maior queda desde o seu lançamento em novembro de 2020. Levantamento do GLOBO na base nos dados do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) do BC, houve 1,25 bilhão de operações Pix entre 4 e 10 de janeiro (que concentram o maior volume por ser o período de pagamento de salários), 10,9% menos que o mesmo período de dezembro.

Veja a seguir o depoimento de quatro brasileiros que acreditaram nos boatos e não foram alcançados pelos esclarecimentos do governo. Eles mostram o poder da desinformação na era das redes sociais com decrescente moderação de conteúdo.

Novo banco, mas agora sem Pix

Marília Valinho, 70 anos, não vai mais usar Pix — Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo
Marília Valinho, 70 anos, não vai mais usar Pix — Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo

A aposentada Marília Valinho, de 70 anos, trocou de banco e resolveu que não iria habilitar a chave Pix. Antes de saber da revogação, ela disse que a norma da Receita poderia abalar o sucesso do meio de pagamento:

— Não vou entrar nessa de fazer Pix, não. Para mim, não ficou claro pelo sentido de ser algo invasivo. A gente tem que expor tanto a nossa vida, tem até valor estipulado para usar.

Nem para pagar o amendoim

 

Luciano Custódio, 48 anos, vendedor de amendoim: queda nos pagamentos com Pix — Foto: Domingos Peixoto
Luciano Custódio, 48 anos, vendedor de amendoim: queda nos pagamentos com Pix — Foto: Domingos Peixoto

O vendedor de amendoim Luciano Custódio, de 48 anos, percebeu nos últimos dias que a clientela estava evitando pagar com Pix e disse achar que as pessoas ficaram com receio de usar o sistema de pagamento.

— Todo mundo ficou com medo de fazer Pix. Os clientes estão preferindo pagar em dinheiro. Antes, chegava a fazer R$ 800 por dia só em transações via Pix, agora estou fazendo R$ 150 — reclamou.

Só na maquininha até segunda ordem

 

Viviane dos Santos, 41 anos, gerente de loja: clientes com dúvidas — Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo
Viviane dos Santos, 41 anos, gerente de loja: clientes com dúvidas — Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo

Na Bella Casa, a gerente Viviane dos Santos, de 41 anos, percebeu que os clientes tinham dúvida nos últimos dias se deveriam pagar com Pix. Na loja, até o modo de usar o sistema mudou: após o anúncio da norma da Receita, a ordem foi só aceitar pagamento via Pix pela maquininha de cartão:

— Paramos de aceitar o Pix por código e estamos usando só na maquininha até saber o que vai acontecer.

Apenas desta vez, mas é a última

Maria Margarida da Silva, 49 anos, faxineira:vai mudar a forma de pagamento — Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo
Maria Margarida da Silva, 49 anos, faxineira:vai mudar a forma de pagamento — Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo

A faxineira Maria Margarida da Silva, de 49 anos, fazia compras em uma loja da Saara, polo de comércio popular no Centro do Rio. E disse que aquela seria uma de suas últimas compras via Pix.

— A gente está sendo vigiado, especialmente nosso dinheiro. Eu vou ter que mudar a forma como pago as coisas. Não sei se vou depositar dinheiro nesse cartão para usar como Pix — contou.

O Globo

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